A ntunes tem algo a dizer sobre o episódios que testemunhou. O primeiro foi num pequeno estabelecimento em São Martinho, onde um indivíduo num tom insolente aborda uma das funcionárias do estabelecimento. Diz-lhe que quer oferecer-lhe um jantar, em voz alta, sem rodeios, a rapariga sorri mas sente-se intimidada. Tem medo de responder, fica calada nervosa. O homem tem um companheiro mais velho que lhe pede para ter calma. O homem insiste, exige uma resposta. A rapariga sorri timidamente. É brasileira. A dada altura sai do estabelecimento com lágrimas nos olhos. O homem dispara: o que é que eu fiz? Antunes respondeu: não respeitaste esta mulher. Ela está a trabalhar e tu invadiste o espaço privado dela. Ela não tem de aceitar convites de clientes para jantares. O homem levanta-se, e avança sobre o Antunes, mas como este não se deixa intimidar ele recua.
Antunes vai ter com a rapariga e ela diz-lhe que esse homem já a perturbou e ameaçou antes. Não sabe o que fazer porque não tem como se defender: sabe-se lá como ele pode reagir a um não. O patrão não a defende. E ela tem receio de ficar sem emprego. Antunes esclarece que se voltar a acontecer que fale com ele. Mas Antunes pergunta: quantas mulheres nesta terra estão na mesma situação de precariedade laboral e insegurança? Quantos homens usam esta insegurança para se impingir? Uma sociedade como a nossa pode ser cruel com as pessoas mais vulneráveis.
Antunes vê este incidente e sabe que não é só estas mulheres empregadas de balcão que sofrem estas situações. Infelizmente, esta cultura não acontece só neste patamar. Um pouco por todo o lado há esta mentalidade rasteira. Uma sociedade assim tem sempre debaixo da pele o fermento da raiva e ressentimento. A única coisa que inibe a revolta geral é um medo paralisante. Um medo que se embrulha na alma. Talvez seja este mesmo medo que impeça uma resolução definitiva para o impasse do regime.
Estas coisas parecem dominar o madeirense. E há muitos madeirenses que só conhecem a realidade do medo. Há muitos madeirenses que não sabem que há uma alternativa. Antunes pensa o seguinte: se os homens não encontram solução, deixem as mulheres resolverem! Elas são a força viva que devemos estar atentos.
Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 28 de junho de 2024
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