E screvo porque é preciso o esclarecimento, vi hoje no Diário um ataque ao CM que merece um riso de gratidão. Podemos nos revoltar contra o anonimato do CM, mas a esmagadora maioria dos textos do CM numa sociedade normal não mereceriam essa necessidade de esconder ou ocultar a identidade. Por muito que o beto do Naval se sinta intimidado, a verdade é que os textos do CM cumprem uma tradição regional da fanzine, burlesca mas raramente indigna.
O humor do CM é ligeiro quando comparado com a imprensa britânica, que ataca sem pejo pela hombridade dos visados. Aquilo é fel, o CM é mel. E a dita comunicação social regional e nacional é uma espécie de prostituição a amantes sem o vigor ou virilidade. São prostitutas que se têm de humilhar perante homens que já perderam a capacidade de fecundar a vida. Homens palha, como diz o poeta. Prostitutas que nem mulheres são, uma mentira dentro de uma mentira.
Quem é que pode acreditar no Diário de Notícias da Madeira? Não produz uma notícia independente. Não vinga uma ideia. Não desperta entusiasmo. Não dá lastro a nada. É como uma igreja ministrada por um padre que não acredita em Deus. Vende berlindes para fingir a salvação dos carneiros. Por fim, há textos de grande qualidade no CM. Alguns são muito incisivos e certeiros. A única crítica que se pode fazer ao CM é que é muito antropológico. Estuda e analisa a realidade do nosso povo sem se esmerar na transformação da sociedade.
Os autores do CM deveriam ter essa prerrogativa mais presente. O barbudo neste desiderato tinha razão: mais do que perceber a realidade é preciso transformá-la. A começar por trazer ideias férteis. E talvez um pouco menos de ressentimento. O problema da Madeira e do beto do Naval é que escreve a partir do privilégio. Quem está em condomínios fechados, em praias privadas, em tertúlias confortáveis e em cátedras de luxo, torres de marfim para todos os gostos, tem a sensação de superioridade face aos infelizes que comem pó. Mas esta superioridade é tão prosaica e impotente como as descargas do ressentimento.
Somos um povo que precisa do descanso das abelhas. A nossa sociedade perdeu o mel que alimenta a vitalidade dos nossos corações. As elites são quase tão infelizes e desgraçadas como o povo que labuta. São carentes, inseguras, gente melindrada e azeda, que tendo quase todos os luxos, são pobres de espírito e de estilo. Quantos vão para o clube Naval mendigar um pouco de atenção e dignidade? E é este o problema da nossa terra: a dignidade é escassa para todos.
Para os que estão em cima como para os que estão em baixo. As sociedades com vida, cada um é rei do seu castelo. Na nossa terra não há reis. Acabamos todos por ser mendigos e quando muito mesmo escravos da miséria da alma. Não é preciso ser cego para ver isso. Até aqueles que se refugiam no Naval fingem muito, o luxo e o privilégio servem de pouco. Quem não tem dignidade tem sempre uma aura de decadência.
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 14 de julho de 2024
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