O livro de Jorge Amado cujo título e conteúdo serviu de base a uma interessante telenovela no final do século passado; na qual foi retratada, pela primeira vez, a temática do ambiente versus progresso. Isto independentemente dos enredos "à brasileira" (sem qualquer xenofobia adjacente, esteja descansado, era um elogio à "arte de chamar a atenção" - hoje em dia parece que temos que pedir desculpa pela polissemia das nossas palavras...) que faziam "dourar a pílula".
Num resumo muito curto e com recurso à memória, Sant' Ana do Agreste era um local paradisíaco com praias e paisagens invejáveis, até um dia em que um promotor imobiliário (ressabiado com o seu pai) decide fazer lobby junto da população de modo a pressionar a Prefeitura (o equivalente a Município por cá) a aprovar o seu projecto de construção, com a promessa de emprego para todos (onde já vimos este argumento?), além de uns subornos.
Atenta a resistência do Prefeito (uma verdadeira "pedra" aos apetites do "pato bravo"; exemplo não seguido por cá...) o promotor decide investir na sedução, recrutando uma rapariga (mesmo no sentido brasileiro) que teve de ganhar a vida como acompanhante de luxo nas grandes cidades; e que regressou à terra como "grande senhora" (como muitas "tietas" que há por aí).
Tieta tentou seduzir o Prefeito, que se opunha a um tipo de progresso que não respeita nem o ambiente nem a paisagem em benefício de um progresso desenfreado e não sustentado. A situação tornou-se insustentável e já não me recordo que final levou, a não ser que este Prefeito descobriu o conluio de Tieta com o seu "patrão", salvo erro de nome (de personagem) Arturzinho.
Quarenta anos mais tarde e olhando para a Praia Formosa e respetivos apetites imobiliários, não deixei de me recordar da novela da Tieta, numa nova versão madeirense em que, sendo CR7 o "Arturzinho" da "estória" (certamente por ressentimento face às vezes em que tinha de aguardar por comida no Mc' Donalds... ´é assim que na Madeira ainda se tratam as crianças), teve desta feita a vantagem de já contar não só com "Tietas" da (des)governação, alinhadas com os "patos bravos" locais.
Ler o livro de Jorge Amado (para quem ainda pegue em livros) ou ver (até rever) a novela seria altamente didático, sobretudo para ambientalistas postiços que brincam aos partidos e ao parlamento e a quem tem o poder de atenuar (pois não consegue evitar) os descalabros ambientais que vão surgindo neste "rochedo".
Depois de marcar mais golos e de ganhar todos os títulos possíveis e imaginários, CR7 (que muito tem orgulhado esta terra; incluindo a minha pessoa) parece querer agora candidatar-se ao lugar de "mais rico do cemitério". A ser assim, penso até criar a "Funerária Paraíso" - Onde Nada Mais Será Preciso...
Ou então a "Funerária Ponta-de-Lança" (...)
A uma terra que nos desprezou dá-se desprezo. Querer, eventualmente, vingar-se revelará sinal de menoridade. Não havia "nexessidade" (na expressão de "Diácono Remédios") para que o rumo tenha sido este.
Pois que, moralmente, nenhum sonho pode ser atingido à custa do pesadelo de outros. Nenhuma consciência fica limpa. Nem que a Imprensa branqueie. Não haverá "Neoblanc Lixívia" que valha.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 30 de julho de 2024
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