Se trabalhares de manhã à noite terás um apartamento de 1.600.000 de euros.


Aprova mais um piso porque temos um favor a pagar

C á estamos nós, com mais uma série de inaugurações gloriosas à moda da Madeira, cortando fitas como se fossem medalhas olímpicas! Mais um metro de estrada aqui, outro metro de calçada ali, e quem sabe, no meio deste espetáculo, não haja também... uns metros de apartamento a serem distribuídos, à socapa, entre os nossos distintos representantes do governo. Porque, convenhamos, com tanto cimento no ar, parece que os blocos não são só de obras públicas!

Então, eu cá imagino o seguinte: sempre que alguém corta uma fita numa dessas inaugurações do Miguel Albuquerque (ou MA, como agora é moda), há um tipo a fazer contas no fundo da sala: "Pronto, mais um metro de estrada inaugurado... isso são o quê? Uns 50 metros quadrados de apartamento para o Zé da Secretaria. Se for uma rotunda, já são 80 metros para o Tó da Finanças!" Será que o processo de distribuição de apartamentos acompanha o ritmo da construção de infraestruturas? Um quilómetro de estrada = uma penthouse com vista mar?

Aliás, começo a pensar que as fitas vermelhas que cortam nas inaugurações não são bem fitas – são contratos imobiliários disfarçados. Cada corte de fita é um "depois falamos lá no escritório". E claro, com um estilo assim tão eficiente de urbanismo paralelo, é de perguntar: será que usam fita métrica de verdade? Ou simplesmente uma nova fórmula de contabilidade governamental, tipo "um metro de estrada = um metro quadrado de apartamento"?

E os apartamentos, claro, devem ser daqueles que nós, meros mortais, só vemos nas capas das revistas – com varandas de luxo, piscinas infinitas.

Mas claro, são só teorias. Quem sou eu para sugerir que há uma regra secreta de três simples entre as obras públicas e as propriedades privadas? Talvez até façam leilões internos: "Quem dá mais pela nova rotunda? O Sr. Diretor quer um T3? Ah, perfeito, fica já reservado." E depois, à noite, nos bastidores da governação, sentam-se todos num jantar de camaradagem, onde o vinho corre livre e o betão é a sobremesa. Nada como decidir, entre uma garfada e outra, quem leva a próxima fatia do bolo imobiliário.

E nós o povo, ficamos a ver as grandes obras a nascer, enquanto nos perguntamos: "Mas o que se passa com tanto corta-fita? Cada metro de estrada vale quantos apartamentos de luxo?" 

Enfim, um brinde à matemática criativa da nossa região! Eles que cortem fitas, que nós faremos contas nas próximas eleições.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 3 de Outubro de 2024
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