Democracia, contraditório e pluralismo.
M uitas vezes, os autores dos textos de opinião no Diário de Notícias são conotados como sendo adeptos do poder vigente, caso contrário, não teriam oportunidade de dar a sua opinião. O pensamento não está integralmente correto e é preciso analisar caso a caso. Os autores novos normalmente escrevem generalidades, para estarem a bem com Deus e o diabo, para não arriscarem a sua reputação, seja ela qual for, mas que certamente, cada um, acha-se na perspetiva certa. Estes artigos acabam sendo um mero escaparate de existência com interesse pessoal de se fazerem notar, híbridos, para que alguém os aproveite. Um artigo de opinião deve ir ao cerne das questões da sociedade, deve ser útil. Reparem que este tipo de comentador é igual ao jornalista que se confina e não explora o manancial de temas fortes e graves que existem na Madeira. Existe um minúsculo nicho que vem de trás, da era Blandy, que é o "entalanço ao contrário", depois do vexame do líder da bancada dos verdes regionais ter sido posto a andar. São a posição mais cómoda, medem as palavras, atiram algumas e a gestão de meios humanos tem que tolerar para não parecer mal.
A autocensura é um meio eficaz de simular o pluralismo na democracia camuflada, mas não produz contraditório. Percebo que existam autores de textos no DN-M que possuem uma escala de ousadia, que se fica pela linha vermelha de não desagradar o Poder do executivo, o económico dos proprietários do jornal e o status quo vigente, onde proliferam tantas elites pouco recomendáveis. Naturalmente sabem que têm colegas de tarefa que, para além da linha vermelha, são pouco recomendáveis e que se escudam (tal como o governo o faz na população falando por ela) na permanência no DN-M, como forma de inibir o risco de serem visados pelo próprio.
Mas nesta minha viagem pelos autores, de um e outro lado, quero dizer que não só os afetos ao poder são passíveis de crítica, também os da oposição abordam trivialidades, inutilizando o espaço. Portanto, um jornal que se tornou de regime, consegue pluralidade através da autocensura, aparenta plural mas tacitamente com uma espada de Demócles sobre a cabeça dos autores. Existem autores da oposição na mesma trivialidade dos que são afetos ao poder, por aí se descobre que têm uma zona de conforto com o poder, têm um subsídio ou um apoio para estarem calados e, na verdade, só querem a oposição para ter um emprego naquela zona onde dizem umas coisas, mas não querem mais trabalho, como governar.
Nestas hipocrisias e cinismos chegamos ao último parágrafo, aquele em que afirmo que autores, que bem ou mal escrevem de borla e tacitamente em autocensura (se não houver surpresas como aqueles do extinto Jornal da Madeira na posse do Governo que pagava os comentadores amestrados), se veem para na autocensura e num confinamento de texto pago, quando o trabalho sai-lhes de borla e poderia usar o facto para ter o pluralismo e a promoção, para além do trabalho da casa que deve ser pago, independentemente da qualidade ou intenções da notícia, mas produzida por gente paga.
Será que esta realidade visa assegurar que a mensagem comprada pelo Mediaram não seja atraiçoada por autores de artigos de opinião? Que, a favor ou contra, não distorça a "linha editorial" de uma estratégia política? Por isso se generaliza o confinamento? É que assim os jornalistas (sobretudo de regime) têm o guião total e isso não é Liberdade de Imprensa e muito menos pluralismo. Reparem que nesta altura, em que Albuquerque tem "inimigos internos", acerta que nem uma luva manter esta situação para todos os lados e prossegue a "propaganda noticiosa" do Mediaram, reforçado.
Vida longa ao CM, pelos vistos teremos de ser bipolares, no bom sentido.
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
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