O s nomeados acordariam hoje em sobressalto, não fossem estar todos de férias, enquanto o resto do povo trabalha. A Madeira amanheceu com cartazes espalhados por vários edifícios do Governo Regional, retratando uma possível edição do JORAM no pós-eleições regionais de 2025.
Seria distópico, não fosse a realidade estar muito próxima daquilo retratado pelo enigmático despacho n.º 1/2025. De eleição em eleição, o PSD vem perdendo força e votos. Um partido habituado a maiorias absolutas, vê-se agora na mão dos partidos da oposição. Seguindo a tendência dos últimos 10 anos, não tarda muito que os 19 deputados do PSD passem a 18, depois a 17, e por aí fora. Nesse cenário, de nada lhes valerá o CDS (que já não vale), e nada lhes valerá o CH (se é que lhes vale ainda de alguma coisa).
Neste momento, todos os partidos estão alinhados: todos querem eleições o quanto antes. Por que será? Dos partidos da oposição, conhece-se a razão: todos preferem enfrentar um PSD fragilizado, com Albuquerque no leme; sabem que é a melhor hipótese de alcançarem o poder. Do lado do PSD, apenas Albuquerque quer eleições o mais rápido possível, sendo esta a única forma de manter a sua imunidade.
O que Albuquerque se esquece é que o tempo das maiorias absolutas terminou, e nem agarrado às bengalas do costume lá chegará. Confesso que é bem capaz de ganhar as próximas regionais, mas sem os votos e mandatos suficientes para se aguentar. Miguel Albuquerque joga a sua última cartada, ameaçando tudo e todos, pois a sua imunidade depende disso.
Só que ninguém ainda conjeturou o seguinte: com Marcelo a não poder dissolver a ALRAM depois das próximas regionais, dados os constrangimentos constitucionais, a Madeira continuará num pântano político. Só que esse pântano político deixará de ser laranja e ganhará outra cor.
Pensemos no cenário mais provável: o PSD ganha as próximas eleições, forma Governo e submete o seu Programa de Governo à ALRAM. Sem maiorias que o aguentem, pois nenhum partido quer estar associado ao decadente Albuquerque, este Programa é chumbado. Sem poder dissolver a ALRAM, o Representante da República chamará o segundo partido mais votado para formar Governo. Sem ter igualmente uma maioria capaz de viabilizar um Programa de Governo do JPP ou do PS, esse Governo acabará por cair. A diferença? Seguir-se-ão meses de um Governo de gestão, mas desta vez com outra cor política.
Limitado nas suas ações por ser um Governo de gestão, a coisa certa é que seguir-se-ão auditorias às contas públicas e serão saneados todos aqueles ligados ao PSD. A par disso, perdida a imunidade no Conselho de Estado, Albuquerque agarrar-se-á com unhas e dentes à imunidade parlamentar. Sol de pouca dura. Facilmente haverá uma maioria para aprovar na ALRAM o levantamento da sua imunidade parlamentar.
Um Governo do JPP (e do PS), abrirá as portas dos edifícios do Governo à polícia judiciária. Nada ficará por desenterrar. Uma vez puxado a ponta do novelo, o PSD nunca mais voltará a ser poder na Região.
Albuquerque mantém-se, ainda, à frente do PSD-Madeira como um náufrago agarrado a uma tábua de madeira que resiste por pouco. Quem ainda mantém Miguel Albuquerque à tona é o comandante dos nomeados, o maestro Jaime Filipe Ramos.
Não se prevê, no entanto, que esses nomeados, nas suas vestes de conselheiros regionais mantenham Albuquerque à tona da água por muito mais tempo, uma vez que são vários os conselheiros que têm feito notar, junto dos seus, que Albuquerque está esgotado, em fim de linha.
O comandante dos conselheiros ainda não deu luz verde para que estes deixem cair o grande líder, mas estes sabem que o seu futuro depende de um PSD revigorado. O próprio Jaime Filipe Ramos não poderá dar-se ao luxo de ter a polícia judiciária a vasculhar todos os contratos públicos que as suas empresas fantasma têm celebrado com o Governo Regional.
São vários os que sabem que a sua sobrevivência depende de se manterem nomeados, pelo que estes conselheiros regionais saberão que o PSD ou se renova ou será ultrapassado pelo JPP, cumprindo-se assim o tão distópico cartaz hoje afixado nos edifícios do Governo.
Os pobres assistentes operacionais lá foram obrigados a retirar das paredes os cartazes colocados com o fito de que os conselheiros regionais do PSD acordem. Caso não o façam, um dia (esse dia está mais perto do que nunca) o povo acordará por eles (basta sair à rua e ouvir o que se diz!).
A única coisa que separa estes nomeados/conselheiros regionais do PSD dos conselheiros regionais do JPP é a nomeação. Neste momento em que escrevo, estão juntos pelo mesmo objetivo: manter o decadente Albuquerque. Enquanto uns estão no sono profundo ordenado pelo comandante Jaime Filipe Ramos, outros estão acordadíssimos, prontos a tomar o poder e a substituir os laranjas nos Gabinetes do Governo Regional.
O despacho de exoneração está escrito. O número da polícia judiciária está em speed dial. Esperemos que os conselheiros do PSD-Madeira continuem a dormir. Só assim a Madeira poderá ser livre.
Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2024
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