H á tragédias que não se escrevem, e comédias que não precisam de palcos. A história da nomeação de Paulo Sérgio Rodrigues para o cargo de Técnico Especialista é, ao mesmo tempo, um retrato fiel da engenhosa arte da política e um mergulho surreal nos entrepostos frigoríficos da administração pública.
A 14 dias de enfrentar uma moção de censura, RF, qual protagonista de uma peça de Shakespeare tropical, decide jogar uma das últimas cartadas. Afinal, em tempos de crise, é preciso garantir que os peixes (e os votos) se mantenham devidamente armazenados.
E quem melhor para essa missão do que Paulo Sérgio Rodrigues? Entre os seus feitos mais notáveis, destacam-se:
- Ser presidente da Junta de Freguesia do Paul do Mar desde 2017, um território com um mar de potencial... e um eleitorado atento.
- Liderar a concelhia do CDS/PP, no sempre disputado território político da Calheta, onde cada cais e cada varadouro podem significar uma votação decisiva.
Ah, mas engana-se quem pensa que a escolha foi política! O despacho assinado pela secretária não economiza elogios às "competências e aptidões adequadas" do nomeado. Afinal, só alguém com um currículo tão especializado poderia coordenar com tamanha maestria os desafios logísticos dos frigoríficos e lotas da região.
**Uma remuneração fria, mas generosa**
Enquanto o cidadão comum luta para equilibrar o orçamento mensal, o recém-nomeado Técnico Especialista tem motivos para sorrir. A sua nova função rende-lhe 45,65% do salário de um diretor de 1.º grau, com um suplemento de 20% pela "disponibilidade permanente". Sim, disponibilidade para quê? Talvez para garantir que nenhum peixe, e muito menos qualquer truta política, escorregue pelas mãos da administração.
**Entre lotas e urnas**
Não nos enganemos. Esta nomeação transcende a mera administração de entrepostos frigoríficos. É uma jogada estratégica em várias frentes.
**A lealdade política**
Garantir que as redes centristas continuem firmes num cenário onde os tubarões sociais-democratas rondam as águas.
O timing político: A poucos dias de uma moção de censura, uma boa rede de apoio é mais valiosa do que o sal para o peixe.
Epílogo
Como todas as boas sátiras, esta história deixa-nos mais perguntas do que respostas. Será que Paulo Rodrigues dominará os desafios dos entrepostos e cais? Ou estaremos diante de mais um capítulo da longa novela dos compadrios políticos?
Enquanto isso, o peixe, armazenado com tanto zelo, continua a ser o único elemento genuinamente fresco desta tragicomédia.
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 8 de Dezembro de 2024
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