Quando o helicóptero é a ambulância dos imprudentes...


... e quem paga Eduardo Jesus?

P ois é, o helicóptero 'multi-mission' — esse nome pomposo que soa a filme de Hollywood, mas que sai directamente do bolso dos contribuintes — foi mais uma vez chamado à acção. Desta feita, para salvar um homem na casa dos 40 anos que decidiu cair no Miradouro do Juncal, no Pico do Areeiro. Claro, cair é um direito constitucional, mas ser resgatado de helicóptero também parece que já é, com tudo pago pelo Estado. Que maravilha viver num país onde até a imprudência tem serviço VIP.

Só para termos uma noção, activar um helicóptero destes, equipado para operações de salvamento, não é o mesmo que ligar o carro e ir buscar pão à padaria. A coisa ronda, segundo estimativas conservadoras, os 5.000 a 8.000 euros por hora de voo. Sim, leu bem. Cada minuto no ar equivale a um ordenado mínimo a evaporar-se nas hélices. E quem é que paga? Exactamente: eu, você, a vizinha do rés-do-chão e o senhor da mercearia.

Ah, mas é claro, o Serviço Regional de Protecção Civil não vai bater à porta do acidentado com uma factura. Seria de mau gosto, não é? Afinal, ele já teve o infortúnio de cair — só faltava agora pagar por isso! Mas sabe o que também é de mau gosto? Andarmos todos a financiar resgates de quem decide explorar trilhos sem preparação, desrespeitar avisos de segurança ou simplesmente achar que a natureza é um parque temático sem consequências.

O helicóptero, que é "multi-missão", parece ter como missão principal tapar irresponsabilidades com notas de 500. E enquanto isso, vamos todos a pé ao centro de saúde porque... claro, não há verba para reforçar os transportes médicos em terra.

Enfim, é reconfortante saber que vivemos num país onde cair num miradouro se tornou uma experiência com serviço aéreo incluído. Só falta o catering a bordo.

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