Não se pode dar tempo de antena nacional ao JPP


O Élvio Sousa assim que se apanhou com tempo de antena no continente enviou mensagens ao país que visam exercer pressão sobre o sistema político da Madeira que tudo controla, inclusive a comunicação social regional. Penso que pelo menos os jornalistas do continente conhecem a realidade informativa da Madeira, mas não querem se incompatibilizar com colegas nem ferir mais uma área já de si frágil e descredibilizada.

O Élvio Sousa é secretário geral da JPP e líder do grupo parlamentar na nossa Assembleia, depois de "exonerado" do DN Madeira por escrever inconveniências sobre os interesses empresariais de um dos donos. O JM, deixou-se ficar, e que me lembre, Élvio Sousa só escreveu para o DN de Lisboa e não sei se prossegue.

O pró-forma de Marcelo para convocar eleições, acabou por dar um oportunidade de 12 minutos de "tempo de antena" de âmbito nacional. Foi um momento de renascimento da voz silenciada. Em 12 minutos, no seu timbre pausado e calculista, Élvio Sousa caracterizou a situação política, explicou a mentira da estabilidade política na qual o Representante da República acreditou, na narrativa do caos, na não informação essencial à população de elementos cruciais para decidir o voto, a postura de eleições primeiro e eventuais coligações depois e ainda uma alfinetada no Chega.

Se possível, gostaria que o CM me ajudasse a publicar o vídeo desse directo, é como se um dique finalmente se rompesse. As ideias, indignações e anseios reprimidos jorraram. Vi um misto de alívio e urgência, uma fome de dizer tudo o que foi calado e mais, de gritar o que o silêncio transformou em gritos internos. O Élvio Sousa é corajoso, temos visto, rompe com o marasmo desejado pelo sistema. Élvio Sousa transferiu a sua vulnerabilidade, condicionamento da informação, para cima do Miguel Albuquerque em 12 minutos, que fica visado por um partido da oposição da Madeira e que explica, para quem quiser explorar, porque ganha sempre o PSD. Condicionamento, o mesmo das eleições internas do PSD, também ninguém ganha lá dentro se não for do sistema.

Este episódio mostra que, conforme passa o tempo, a situação de Miguel Albuquerque é pior, e quem é minimamente inteligente, deve pensar como vai ser o desfecho das novas eleições com o PSD a descer (onde só Albuquerque acha que vai subir na votação), sem perspectivas de se coligar com outro partido para além do CDS, que já namora o PS Madeira. O Presidente do CDS e da Assembleia que trabalhou nas costas do seu próprio partido vai trabalhar nas costas de Albuquerque.

Imagine um palco vazio, iluminado apenas por um facho de luz que corta a escuridão. Por anos, esse palco esteve deserto, os microfones desligados, as cortinas cerradas. Então, de repente, uma pessoa caminha até o centro, segurando a respiração, sentindo o peso do tempo passado na sombra.

Cada sílaba de Élvio Sousa carrega consigo memórias de silêncio forçado, de histórias enterradas, de sonhos sufocados. A internet liga ao mundo, mas ainda há momentos tradicionais que valem muito na comunicação, é que por vezes as autoridades sabem e só se mexem com uma queixa, assim poderá ser a comunicação social do continente, que já fez um bom trabalho, mas que pode fazer mais pela Madeira.

A liberdade não é apenas um direito abstrato, é uma experiência visceral. É o som da verdade despida de repressão. Quando as palavras encontram eco nos corações de quem as recebem, tornam-se mais do que um discurso: tornam-se vida. Nova vida.

Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, não atuou como Albuquerque queria e vai custar cada vez mais "inventar uma razão qualquer" (com o dito presente) para não haver eleições internas. A situação de Albuquerque é insustentável. Mas veremos, o eleitorado da Madeira também tem as suas particularidades. O prognóstico é de eleições regionais a 16 de março, mas também acho que, a título excepcional, Manuel António Correia deveria ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa e, naturalmente, ter 12 minutos de liberdade.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 7 de Janeiro de 2025
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