C om as eleições regionais marcadas para 23 de março, a Madeira encontra-se num momento crucial de reflexão política. A dissolução da Assembleia Legislativa, após os escândalos que abalaram o governo regional, colocou em suspenso não apenas a continuidade de Miguel Albuquerque como Presidente, mas também a composição do seu eventual próximo executivo.
Uma questão inevitável se impõe: caso seja reeleito, Miguel Albuquerque reconduzirá os Secretários Regionais sob suspeita de envolvimento em processos de corrupção? Trata-se de uma interrogação que vai além das disputas partidárias e toca no cerne da confiança que os cidadãos depositam nas instituições democráticas.
Pedro Fino, Secretário Regional das Obras Públicas, surge como figura central nas investigações relacionadas com empreitadas públicas, onde há indícios de favorecimento e corrupção. Rogério Gouveia, Secretário das Finanças, ocupa um cargo que exige uma gestão criteriosa dos dinheiros públicos, incompatível com a sua eventual utilização para fins invios, seja para enriquecimento pessoal de empresários próximos do regime ou para financiamento partidário. Por outro lado, Pedro Ramos, Secretário Regional da Saúde, deve permanecer à margem destas polémicas, dada a natureza sensível do seu setor.
Miguel Albuquerque, ao longo do seu mandato, sempre defendeu a presunção de inocência como princípio basilar do Estado de Direito. Contudo, num contexto em que a transparência e a integridade são cada vez mais exigidas pela sociedade civil, a continuidade de governantes sob investigação lançaria uma sombra sobre qualquer promessa de renovação e responsabilidade.
Não se trata de prejulgar, mas de ponderar se a presença de figuras envolvidas em processos judiciais não compromete a credibilidade do próximo governo regional. A recondução destes Secretários sinalizaria continuidade, enquanto a sua substituição poderia ser interpretada como um passo em direção à reconquista da confiança pública.
É essencial que, durante a campanha eleitoral, Miguel Albuquerque esclareça publicamente qual será o seu critério na formação de um novo governo. Os eleitores têm o direito de saber se, em caso de vitória, serão governados por quem enfrenta suspeitas graves ou por um elenco renovado, comprometido não apenas com a gestão pública, mas também com a transparência e a ética política.
A Madeira merece uma resposta clara antes de ir às urnas. O silêncio, neste caso, não é neutro, é uma escolha política que os eleitores certamente não deixarão de considerar no dia 23 de março.
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 23 de fevereiro de 2025
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