Sobre os comentários acerca do 20 de fevereiro.

Correio da Madeira fevereiro 21, 2025

O ntem no telejornal da RTP Madeira falou-se do 20 de fevereiro e o que se passa atualmente. Um geólogo cansou os espetadores na sua longa introdução, usando palavreado técnico para dizer o que poderia ser dito numa ou duas frases.

A Madeira não está preparada. Afirmar isso é um erro grosseiro e é enganar as pessoas. Como o Prior disse, em junho de 2023 choveu mais do que no 20 de fevereiro, só que a terra não estava saturada de água, por isso não deu em desgraça. É verdade. Mas a questão que se coloca é a seguinte: neste momento as serras da ilha estão cinzentas, floresta ardida que até dá dó. Algumas continuam de pé, mas outras caíram e por lá ficaram. Basta dar uma forte chuvada como em junho de 2023 que não é preciso os solos estarem empapados: tudo virá por aí abaixo.

Quem costuma passear pelas serras ou até mesmo nas estradas junto a zonas assoladas pelos incêndios, vê alguém a retirar os troncos caídos ou a cortar as árvores que estão na eminência de cair? Alguém vê funcionários do IFCN a arrancar pela raiz os eucaliptos ou outras invasoras que começam a brotar? Alguém vê reflorestação com árvores endémicas?

Cabe ao governo proteger a população. Se gastasse menos dinheiro em obras que servirão apenas meia dúzia ou que o mar vai levar, e destinasse uns milhões em contratação de serviços de limpeza das serras, sentiría-mo-nos mais seguros.

Falou-se que a memória coletiva é curta. Não concordo. Apenas a memória dos políticos é curta. Basta olhar o licenciamento de casas e outras obras em zonas costeiras ou em zonas de erosão, construções na beirinha de penhascos ou o afunilamento de cursos de água. As câmaras e o governo sabem ou deviam saber quais as zonas críticas em caso de chuva, fogo ou sismo. Continuando a licenciar, são os culpados morais de alguma desgraça que venha a acontecer.

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
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