Carta Aberta ao Ténis da Madeira: pelo respeito, ética e formação no desporto


Aos responsáveis pelo ténis na Madeira, aos clubes, treinadores, atletas e a todos os amantes desta modalidade,

A pós os acontecimentos no recente torneio I Etapa Ludens CM - Sub-12, aguardei por uma reação, uma ação ou uma tomada de posição por parte dos clubes envolvidos e da Associação de Ténis da Madeira (Atmad). No entanto, o silêncio manteve-se. Como aqueles que deveriam agir decidiram nada fazer, manifesto-me eu.

O ténis é um desporto com uma longa e rica tradição na Madeira, marcado por grandes talentos e momentos memoráveis. No entanto, mais do que vitórias e troféus, esta modalidade sempre se pautou por valores de respeito, integridade e desportivismo. Infelizmente, nos últimos tempos, temos assistido a situações preocupantes que descredibilizam o espírito do jogo e comprometem a formação dos jovens atletas.

No recente torneio I Etapa Ludens CM - Sub-12, ocorreu um episódio lamentável que expôs comportamentos inaceitáveis dentro e fora do campo. Dois jovens jogadores, já conhecidos por atitudes irregulares, voltaram a demonstrar falta de respeito para com adversários, árbitros e público. Confrontos desnecessários, tentativas de influenciar o desenrolar do jogo e uma atitude desafiadora marcaram a sua atuação. O mais preocupante? Esta conduta não é novidade, e nada tem sido feito para travá-la.

Ainda mais alarmante é perceber que estes comportamentos são reforçados por aqueles que deveriam dar o exemplo: os pais. Das bancadas, longe de promoverem valores corretos, acabam por incentivar atitudes desadequadas, alimentando a mentalidade do "vencer a qualquer preço". Que mensagem estamos a transmitir a estas crianças? Que desportistas e cidadãos estamos a formar?

É importante diferenciar os dois casos em questão. Um dos jovens é, uma boa criança, mas que dentro de campo carrega um fardo pesado imposto pelo próprio pai. A sua vontade de ganhar é empurrada ao limite por uma pressão excessiva e desnecessária. É visível para todos que esta criança joga sob um enorme peso emocional, condicionado pela ânsia do progenitor de ver o filho triunfar a todo o custo.

O outro atleta apresenta um perfil completamente distinto: pouco íntegro, com uma atitude arrogante e desrespeitosa. Em jogo, não aceita decisões contrárias às suas, recusa qualquer contestação e insiste que tudo tem de ser à sua maneira, chegando mesmo ao ponto de invadir o campo do adversário para impor a sua visão. O mais inquietante? Estamos a falar de um jovem ainda em fase de crescimento. Se nada for feito, que tipo de adulto este jovem se tornará?

A Associação de Ténis da Madeira (Atmad) e os clubes não podem continuar a assistir passivamente a este tipo de situações. Quando atitudes destas se repetem sem qualquer consequência, estamos a permitir que o desrespeito e a falta de ética se enraízem na nossa modalidade. Como foi possível que este episódio tenha decorrido sem qualquer intervenção? Não deveria o clube organizador ter tomado uma posição firme? E a Atmad, que medidas pretende adotar?

Acredito que sanções desportivas – como a suspensão temporária da competição ou a não convocação para eventos organizados pela Atmad – podem ser um caminho eficaz para travar estas condutas. Mas mais do que penalizar, é urgente educar. Estes jovens precisam de compreender que uma vitória sem ética é, na verdade, uma derrota disfarçada.

Os pais também devem ser responsabilizados. Num dos casos, vemos um progenitor que segue uma filosofia desportiva rígida e ultrapassada, onde apenas importa vencer, independentemente dos métodos utilizados. No outro, trata-se de alguém com conhecimentos na área do comportamento humano, que, em teoria, deveria compreender os impactos negativos desta postura, mas que, na prática, incentiva atitudes questionáveis, como a manipulação do jogo e o desrespeito pelas regras.

O que estamos a ensinar a estas crianças? Como estas atitudes se refletem no seu dia a dia, na escola, na vida em sociedade? O desporto é uma ferramenta fundamental na formação humana e social. O ténis da Madeira precisa urgentemente de recuperar os seus valores.

Fica o apelo à Atmad, aos clubes e a todos os responsáveis pela formação destes jovens: é tempo de agir. Ignorar este problema é ser cúmplice dele. Exigo responsabilidade e medidas concretas por parte das entidades responsáveis. O futuro do ténis da Madeira depende disso.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 6 de março de 2025
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