As obras estão a andar… e o dinheiro também.


F inalmente! Já se sente a Madeira a mexer. As obras começaram, ou melhor, começaram a parecer que começaram. Sente-se no ar aquele cheirinho a alcatrão fresco misturado com promessas antigas, faixas de inauguração e, claro, aquele leve aroma a desvio de dinheiros públicos que já se tornou a fragrância oficial da governação local. Eau de Corrupção, edição limitada, só para eleitos.

Porque sim, as máquinas estão no terreno, os capacetes brilhantes ao sol, os sorrisos para as fotografias, e os buracos ah, os buracos! Esses são sempre mais profundos do que os que aparecem no chão. Há buracos nas contas, nos contratos, nos concursos públicos que cheiram a ajuste direto com perfume de amiguinho do partido. Mas não faz mal. O importante é que as obras estejam “a andar”, nem que seja só até às eleições.

E que ninguém diga que não se vê progresso. Vê-se! Vê-se um empreiteiro novo a cada esquina, muitos deles com nomes que parecem saídos de uma lista telefónica secreta de amigos influentes. Vê-se adjudicações como quem distribui prémios de bingo. E vê-se também o dinheiro público, esse atleta incansável, a correr mais depressa do que qualquer fiscal do Tribunal de Contas conseguiria acompanhar.

Mas sejamos positivos. A obra é para o povo, dizem. Claro que é! O povo que assista, que bata palmas, que engula as contas mal explicadas com o mesmo entusiasmo com que engole a poncha. Afinal, nada mais típico do que obras que custam o triplo do orçamento, atrasam cinco anos e ainda assim são inauguradas com fanfarra e foguetes, pagos, claro, com mais uns trocos públicos “bem aplicados”.

E há sempre aquela desculpa pronta: “É para o desenvolvimento”. Pois claro. Desenvolvimento de contas bancárias em offshores, talvez. Mas vamos com calma, tudo alegadamente, não é? Não queremos ofender ninguém. Muito menos os senhores que aparecem em todas as adjudicações como se fosse um bingo de luxo.

Portanto, respirem fundo, madeirenses! O som que ouvem ao longe não é só o das máquinas a trabalhar. É também o tilintar alegre do erário público a ser canalizado com precisão cirúrgica… para os sítios do costume.

As obras andam, sim senhor. E o dinheiro? Esse vai de mota.

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