São Vicente precisa de novos desígnios


Um momento de mudança, por limite de mandatos, poderia ser um momento de se reinventar e traçar novos desígnios descurados há muito.

S inceramente, não consigo compreender o povo de São Vicente! Que fascínio inexplicável é este pela adulação, quase veneração, de qualquer indivíduo rico ou que ostente riqueza? Parece que o dinheiro se tornou a panaceia para todos os males, e quem aparenta ser abastado é elevado à categoria de messias, mesmo que essa fortuna não seja partilhada ou distribuída. A origem dessas riquezas, a forma como foram acumuladas, os meios utilizados – tudo isso parece irrelevante. O "como" e o "através do quê" são questões convenientemente ignoradas.

Outro aspeto que me intriga profundamente é a inexplicável excitação dos vicentinos perante emigrantes e estrangeiros, beirando a idolatria. Independentemente das suas atividades no exterior, das suas profissões passadas ou presentes, a sua mera presença parece transformá-los em caixas multibanco ambulantes.

Recentemente, ouvi num café local a alegação de que um indivíduo carecia de "bagagem" para assumir um cargo público devido à sua profissão atual. Contudo, para ocupar essa mesma responsabilidade, propõe-se "viajar"? Qual a lógica? Que relação existe entre a profissão atual de alguém e a sua capacidade para exercer um cargo público? As experiências profissionais anteriores não contam? Onde está escrito que a profissão de um indivíduo é um pré-requisito para um cargo público? Pelo meu conhecimento, qualquer cidadão, independentemente da sua profissão, pode exercer funções públicas. Não é obrigatório ser doutor, professor universitário ou cientista. Um pintor, um mecânico, um jardineiro ou até um varredor de ruas têm o mesmo direito. A lei não impõe, felizmente, qualquer restrição profissional para a ocupação de cargos públicos.

Os membros do "partido laranja" vangloriam-se de que apenas os seus filiados são competentes, idóneos e distintos. Em que se baseia tal afirmação? Talvez na sua capacidade de enganar e explorar os vicentinos ao longo de décadas! Os atuais e antigos presidentes da Câmara Municipal de São Vicente, presidentes da Assembleia Municipal e presidentes das Juntas de Freguesia de Ponta Delgada, Boaventura e São Vicente eram todos doutorados e mestrados? Não! Nem eram, nem são. Analisemos os que ainda ocupam esses cargos: qual era a sua ocupação antes de assumirem responsabilidades públicas? Reflitam sobre isso. Alguns eram vendedores, outros agricultores, outros estudantes, e a ocupação de outros permanece um mistério. Apenas dois tinham experiência bancária.

Os eleitos pelo povo são seus representantes. Os seus papéis são essencialmente figurativos, representativos e de presença. O trabalho técnico e especializado dentro dos órgãos camarários e juntas de freguesia é da responsabilidade dos funcionários contratados para essas funções: arquitetos, fiscais, contabilistas, secretários. São estes profissionais, pagos para tal, que executam as tarefas específicas que exigem conhecimento especializado. Não é o Presidente da Câmara, o Presidente da Assembleia Municipal ou os Presidentes de Junta que realizam esse trabalho.

O Presidente da Câmara Municipal é o "chefe" do município, responsável pela gestão da câmara, decisões sobre obras, serviços públicos, urbanismo e outros assuntos. O Presidente da Assembleia Municipal coordena as reuniões onde se fiscaliza a atuação da câmara, garantindo que as decisões são debatidas e votadas pelos deputados municipais. Os Presidentes de Junta de Freguesia são responsáveis por uma parte do município, cuidando de assuntos locais como limpeza, apoio à população e pequenas reparações. Para tomar estas decisões, basta bom senso e responsabilidade, qualidades independentes da profissão ou grau de escolaridade. Os que ocupam atualmente estes cargos, tal como os seus antecessores e sucessores, nem sempre possuem formação superior. E que bom que assim seja, pois a sua função é representar o povo, e não os académicos.

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