A proibição dos telemóveis nas aulas está a avançar em força em cada vez mais países no mundo, depois dos tablets estarem a ficar condenados para o ensino. Na Madeira ninguém se toca, muitos interesses, mas acho que na questão do telemóvel não é um auxiliar do ensino. A proibição tem se tornado cada vez mais comum em escolas de vários países. Há uma série de razões, apoiadas por pesquisas e pela observação prática do dia a dia escolar e que estão por trás dessa tendência.
A principal razão é a distração constante, razão óbvia porque a tentação é grande. Os telemóveis tiram a atenção dos alunos. Mesmo que estejam em modo silencioso, a simples presença do aparelho pode reduzir a capacidade de concentração por causa das notificações, redes sociais, jogos e mensagens desviam o foco com facilidade. Há estudos, e mostram que o rendimento escolar melhora significativamente quando os telemóveis não estão presentes. No Reino Unido, ficou provado que as escolas onde baniram os telemóveis viram uma melhoria de até 6% nos resultados dos exames, especialmente entre alunos com menor desempenho.
Existe a situação do impacto na saúde mental. O uso excessivo do telemóvel, especialmente de redes sociais, está ligado à ansiedade e à depressão, problemas de autoestima, dependência digital, etc, sobretudo em gente que ainda tem as suas qualidades em desenvolvimento. Ao limitar o acesso durante o horário escolar, a escola ajuda a criar as pausas necessárias para o reequilíbrio.
Com as novas tecnologias de Inteligência Artificial, o cyberbullying aumenta e a exposição online também, por vezes de forma perversa. Viram o aluno a montar caras de colegas em corpos desnudos em Portugal? Está provado que os telemóveis aumentam os riscos de cyberbullying entre colegas, passam entre si gravações ou fotos não autorizadas na sala de aula, existe a divulgação de conteúdos pessoais sem consentimento para graçolas. Ao proibir os aparelhos, as escolas reduzem drasticamente essas situações.
Está provado e na Madeira?
O que se pretende é sobretudo preservar o ambiente de aprendizagem, a presença constante e ostensiva de telemóveis enfraquece o vínculo entre alunos e professores, desencorajar o diálogo e o pensamento crítico (quando tudo é resolvido com um "Google rápido"). Queremos formar Drs e não o Dr Google. O telemóvel destrói a cultura de atenção e escuta. Os telemóveis não são ferramenta pedagógica, por uso indevido. É quase impossível garantir que todos estejam a usar o telemóvel apenas para fins educativos e, fiscalizar constantemente, desgasta a autoridade do professor para além de consumir o tempo da aula.
Se com os adultos é como é, proibir o telemóvel é um incentivo à socialização "real", quantos de nós tem as amizades do tempo da escola (?), local fundamental para o início da socialização. Com os telemóveis, durante os intervalos, muitos alunos preferem ficar nos telemóveis do que interagir pessoalmente. É preciso estimular o contacto humano direto para haver vínculo humano, as máquinas destroem as relações humanas e seu respeito. Nem tudo é um jogo.
Do que li, está provado que a proibição do telemóvel melhora a convivência e o espírito de grupo, reduz o isolamento e a exclusão social. Mas como estamos na Europa? Em França, proibiu-se os telemóveis em todas as escolas públicas até aos 15 anos. Na Holanda, Suécia, Itália e Reino Unido, as experiências situam-se em várias escolas, têm políticas restritivas e estão legislando nesse sentido. Em Portugal, algumas escolas têm implementado regras internas mais rígidas, mesmo sem legislação nacional uniforme. Se a Madeira quer ser vanguardista que pegue neste assunto.
Sei que nem todos concordam com a proibição total, dizem que é melhor ensinar o uso responsável do que proibir. Acreditam que eles resistem por si? Os adultos não conseguem ... A base da proibição está na proteção do ambiente de aprendizagem, da saúde mental e do foco dos alunos. Embora não seja uma solução mágica, muitos educadores e especialistas veem essa medida como um passo necessário para garantir que a escola continue a ser um espaço formativo, livre das distrações que o mundo digital oferece em excesso.
Pensem nisso, temos pessoas cada vez mais desfocadas e enfadadas por ter que prestar atenção, a vida não é zapping.
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