P rimeiro tinha de ser o candidato do PSD. Tinha porque era o apadrinhado de José António Garcês, tinha porque queria ganhar fácil. A ideia era simples: entrar no jogo já com vitória marcada, sem suar nem precisar de convencer ninguém.
Depois veio a “brilhante” ideia da lista independente. Não por convicção, mas como manobra de pressão, uma espécie de ilusão política para tentar convencer Miguel Albuquerque a mudar as peças do tabuleiro. Claro que nunca iria candidatar-se realmente como independente: não teria assinaturas, não teria membros, não teria nada. O objetivo era apenas chantagear o jogo político até que os padrinhos — Garcês e Humberto Vasconcelos — conseguissem virar a mesa.
E conseguiram. Inverteram a lista, num número de prestidigitação que ficará para a história de São Vicente e da Madeira: transformar independência em dependência em apenas três passos. O rapaz, embalado, achou que seria um passeio no parque.
Entretanto, a realidade bateu-lhe à porta: o CHEGA conseguiu listas muito mais depressa e, dizem muitos, com muito mais qualidade. Alguns mais corajosos até lhe foram dizendo, olhos nos olhos, que o povo está revoltado. Não por amor ao CHEGA, mas por rejeição e ódio — profundo e agressivo — a José António Gonçalves, Paulo Santos e Humberto Vasconcelos.
Mas o menino não aceita contradições. Na festa da Boaventura, completamente bêbado, terá ameaçado o Sérgio do Bar Tijolo com a pérola: “Vou-te fechar o bar quando for presidente da Câmara porque não quero bares do CHEGA no meu concelho”. Jovem e já com tiques de ditador: sai ao padrinho. O mesmo padrinho que andava a ameaçar meio mundo para arrancar assinaturas para a candidatura “independente” ou para obrigar inocentes a aceitar lugares nas listas.
É por isso mesmo que esta gente vai perder no dia 12 de outubro. Porque o povo de São Vicente, Ponta Delgada e Boaventura está farto. Farto de ditadores de tasca, farto de prepotências regadas com dinheiro de proveniência incerta, farto de políticos que enriquecem tendo como única remuneração conhecida salários públicos de 1500 ou 2000 euros.
E quando o povo está farto, não há padrinho que valha, não há ameaça que funcione, não há bar que feche a tempo. No fim, resta-lhes engolir a ironia suprema: o povo, cansado deles… já CHEGA.
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