São Vicente e a candidatura "Gato de Schrödinger"


(está vivo e morto ao mesmo tempo - link)

E m São Vicente, terra de maresia fresca e ar puro, tínhamos, diziam, uma realidade política empolgante. Uma candidatura PSD e outra independente. Esta última, segundo se proclamava nos megafones mediáticos, era fortíssima: listas completas, suplentes dos suplentes, assinaturas às toneladas, prontas para brilhar no tribunal como ouro político. Tudo anunciado com pompa e circunstância, sem que fosse preciso mostrar… nada. Afinal, quem precisa de provas quando se tem “certezas” e amigos nos jornais?

A narrativa ganhou contornos de novela quando, de repente, o poder do Funchal, tomado por um medo quase poético da “força arrasadora” da independência vicentina, decidiu que afinal a candidatura independente passaria a ser… do PSD. Foi um passe de mágica digno de ilusionista de feira: um “abracadabra” e pronto, independentes que já não o são. Dizem as más línguas que no pacote vinham alguns segredos partilhados, umas ameaçazinhas discretas e umas chantagens à moda antiga.

Enquanto nos outros concelhos as listas são apresentadas e entregues com formalidade, em São Vicente reina o silêncio ensurdecedor. Das listas fechadas e assinaturas “mais que suficientes”, nem fumo nem fogo, e olhem que fogo é coisa que por cá sabemos reconhecer de longe. No nosso tribunal, já chegaram listas do concelho vizinho… mas da candidatura fortíssima? Zero. É como esperar pelo autocarro da madrugada: dizem que vem, mas nunca aparece.

A fase atual da saga é ainda mais caricata: desesperados, andam a convidar qualquer um para as juntas de freguesia — dos mais jovens e inexperientes às pessoas mais simples, que, com todo o bom senso, respondem com um sonoro “não”. O que se sente nas três freguesias é um misto de asco e incredulidade perante esta transformação súbita de figuras outrora cordatas em autênticos pequenos ditadores, agora com carteiras recheadas de forma tão inexplicável quanto conveniente.

Para a Assembleia Municipal, a busca por um candidato com alguma honorabilidade é quase uma expedição arqueológica. Nem Aires, nem Prof. Duarte Mendes, nem sequer o Gabriel Drummond se o forem desenterrar politicamente, alguma vez aceitariam embarcar nessa nau. Mas lá no Funchal, mantém-se o refrão de sempre: “Está tudo controlado”.

Controlado? Talvez. Mas aqui, na capital da Laurissilva, o incêndio social e político já lavra, e no dia 12 de outubro pode muito bem transformar-se num daqueles fogos que não se apagam com discursos, só com mudança."

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