APAVT, um evento de asneiras.


A capa do DN-M de hoje é uma pérola, com a notícia da TAP com preços acima dos 400€ e o máximo responsável a receber uma medalha de ouro. Mas daquela APAVT sai mais asneiras, a “boca” sobre taxas turísticas como sendo um “ataque de políticos fracos a mercados fortes” merecia ir diretamente para o museu das frases infelizes do turismo nacional. Fraco, verdadeiramente fraco, é fingir que o sector vive num paraíso sem custos, sem impactos e sem consequências para quem o acolhe. É fácil exigir que não haja taxas; difícil é admitir quem paga, em silêncio, a fatura do sucesso turístico, estradas esburacadas por tráfego que duplicou, veredas destruídas por excesso de gente, ecossistemas pisados, serras que carregam com papel higiénico que não é de ninguém, ETARs que esticam até onde já não dá, e municípios que limpam, reparam e remendam sem nunca ver um cêntimo do “mercado forte”.

Chamar “políticos fracos” a quem tenta, mesmo que de forma imperfeita, criar um mecanismo de compensação, é ignorar que turismo não é milagre, é carga, é pressão sobre território, é desgaste, é ruído, é resíduos, é manutenção. Se o sector não quer taxas, então que assuma a sua parte, que pague a recuperação do património natural e edificado, que financie a ampliação das ETARs, que contribua para a limpeza dos trilhos, que cubra os custos de recolha de lixo gerado por milhões de visitantes, e que envie delegações regulares para a Meia Serra para perceber, com as mãos no trabalho, o quanto custa manter a “experiência turística” apresentável.

A força não está em dizer frases de palco sobre mercados fortes; está em ter coragem de reconhecer que turismo sustentável não se faz com slogans, faz-se com responsabilidade partilhada, e com o entendimento básico de que alguém tem de pagar o peso real das malas que o turismo deixa para trás.

Com uma APAVT desta categoria tinha mesmo que dar uma medalha de ouro a quem provoca isto! Um subsídio social de mobilidade que financia as companhias aéreas, que privilegia os ricos, que puxa os preços para cima com o modelo, que traz a insustentabilidade à Madeira e aos madeirenses.

Bravo APAVT!