Eduardo Jesus, já chega, homem!


Ó Eduardo, meu caro… já ninguém te atura. E olha que dizemos isto com aquele jeitinho madeirense, entre o "vai-te lixar" e o "queres um cházinho de tília?". Sabes aquele momento em que toda a gente já percebeu que estás a exagerar, menos tu? Pois, é esse. A ilha está a rebentar pelas costuras, literalmente, e tu ainda aí vens com mais uma “iniciativa turística inovadora” que cheira tanto a PowerPoint mal feito como a poncha em copo de plástico.

É para parar. Já ninguém quer mais festivais com nomes esquisitos, provas de paddle no meio das levadas, ou feiras do peixe-espada vegan. O madeirense quer conseguir chegar ao trabalho sem ser atropelado por uma trotineta elétrica de um casal alemão em lua-de-mel, quer estacionar no Funchal sem precisar de vender um rim ou pedir um drone para ver onde há lugar.

Eduardo, querido, achas mesmo que o que nos faltava era mais um miradouro instagramável com passadiço de vidro, pago com o dinheiro de todos, para meia dúzia de influencers tirarem selfies de rabo ao léu? TO que é único agora é conseguir viver aqui sem ter um burnout turístico.

E não é só isso, ó palerma (com desculpa, claro… mas usa-se na mesma). O madeirense, o povo que tu devias servir primeiro, anda a ver os salários a serem comidos pela inflação, as rendas a subir porque os apartamentos viraram todos alojamentos locais, e os empregos? Todos a recibos verdes a sorrir para turistas enquanto choram no intervalo.

Portanto, Eduardo, faz-nos um favor. Tira férias. Vai fazer um retiro espiritual, desliga-te do turismo um bocadinho. A ilha agradece. O madeirense respira. E tu, com sorte, encontras outra vocação. Tipo apanhador de limões em Câmara de Lobos. Ou figurante no próximo desfile das flores.

Com carinho 

O povo que só queria paz e uma poncha sem fila de uma hora.

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