O CHEGA e o Desmantelamento do Futuro Social.


A Cegueira Voluntária e a Traição Ideológica.

É com uma mistura de revolta e incredulidade que se observa a adesão de parte do eleitorado ao CHEGA. Esta não é uma mera escolha política; é, para muitos, um atestado de obtusidade e insanidade gritante. Como é possível sufragar um partido intrinsecamente antidemocrático, xenófobo e racista, cujas promessas são meras ilusões, irrealizáveis e, em última instância, nefastas?

A direita, personificada pelo CHEGA, demonstra uma propensão alarmante para desmantelar o Estado Social. A sua agenda de privatizações radicais na saúde e segurança social, espelhada no precário modelo americano, revela uma incompreensão crassa da realidade da maioria dos portugueses. Este caminho, sabemos, conduz a elevadas taxas de pobreza e a uma fragilização sistémica do apoio estatal, contrastando abissalmente com os bem-sucedidos sistemas de bem-estar social europeus. Não se trata de uma simples divergência ideológica, mas de uma traição aos princípios mais básicos da solidariedade e da justiça social.

O Analfabetismo Moderno e a Perda Iminente de Direitos

A ascensão do CHEGA é um sintoma alarmante do novo analfabetismo, que transcende a mera incapacidade de ler. Vivemos na era da informação abundante, mas muitos, embora letrados, recusam-se a interpretar criticamente o que leem ou, pior ainda, a pensar. Esta lacuna de discernimento torna-os vulneráveis à desinformação e aos elaborados discursos populistas que o CHEGA tão astutamente manipula. Há uma cegueira voluntária, uma recusa em discernir o verdadeiro do falacioso, que pavimenta o caminho para a caquistocracia: o governo nas mãos dos piores, dos menos qualificados, dos mais desprovidos de escrúpulos.

Aqueles que elegeram o CHEGA para o segundo lugar mais votado em Portugal, Madeira e Açores, estão a empurrar o país para um abismo. Quando perderem todos os seus direitos e liberdades, quando o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública e a Segurança Social forem desmantelados, quando o acesso a uma ambulância custar quinze mil dólares como nos EUA, talvez então se apercebam do erro crasso que cometeram. É uma advertência dura, mas necessária: o regresso à ditadura do Estado Novo, ao desmantelamento das conquistas de 50 anos de Abril, é uma realidade palpável.

A Hipocrisia dos Emigrantes e a Traição à Memória

Há algo de particularmente revoltante – quase obsceno – em ver portugueses emigrantes a aplaudir o ódio que cresce em Portugal. Gente que vive fora, acolhida por países que lhes deram trabalho, abrigo, direitos e dignidade, mas que agora, de peito cheio, defendem um projeto político que fecharia as mesmas portas a quem bate hoje à nossa. É de uma hipocrisia gritante. Inacreditável. E não é só incoerência, é traição à própria história.

Foram os vossos avós, os vossos pais, que atravessaram fronteiras à procura de um futuro. Chegaram a países onde eram vistos como “os outros”. Sofreram desconfiança, racismo, exploração. Passaram anos a trabalhar nas sombras, sem voz, muitas vezes sem documentos. E agora, com o estatuto conquistado, voltam-se para Portugal a defender ideologias que tratam os imigrantes como pragas. Que falam de “invasão” e “limpeza cultural”. Vocês perderam a memória, ou simplesmente perderam a vergonha?

O Espelho da Europa: Lições Ignoradas

O que diriam os franceses, suíços, luxemburgueses, alemães, ingleses, se vos vissem a apoiar, para o vosso país de origem, aquilo que eles rejeitam no próprio? Acham que, se esses governos tivessem seguido o mesmo modelo de exclusão que vocês agora defendem para Portugal, ainda estariam nos países onde estão? Com casa? Com filhos na escola? Com assistência médica? Claro que não. Já teriam sido postos na fronteira ou num avião com um bilhete só de ida. É nojento que continuem a espalhar discursos inflamados nas redes sociais, partilhando vídeos populistas como se fossem revelações divinas, dizendo “finalmente alguém diz a verdade”. Mas qual verdade? A verdade de que o medo é mais confortável do que a empatia? A verdade de que é mais fácil esquecer o que fomos do que enfrentar quem somos? É uma miséria moral. Um retrocesso humano.

O emigrante que se esquece de onde veio não é símbolo de sucesso. É espelho de cinismo. Ao apoiar este tipo de ideologia, não estão apenas a atacar os que agora tentam fazer o mesmo caminho que vocês fizeram. Estão a atacar os vossos próprios fantasmas, a cuspir no vosso passado, a negar o direito de outros viverem aquilo que vos foi permitido viver. Vocês não são patriotas. Não são “realistas”. São cúmplices daquilo que um dia também vos magoou. Portugal tem memória. E vocês deviam tê-la também. Aplaudir o ódio, à distância confortável da segurança que outros vos deram, é a forma mais baixa de covardia. Quem viveu na pele o que é ser “de fora” e mesmo assim reproduz o discurso do carrasco, não merece palmas. Merece ser olhado de frente. E confrontado com esta simples pergunta: Se hoje fosses tu a bater à porta… Portugal abriria? Ou fecharia por tua causa? Pensa bem.

A Caquistocracia no Poder e o Silêncio Cúmplice da Imprensa Madeirense

A preocupação com a caquistocracia — o governo dos piores, dos inaptos, dos incultos, dos desonestos — ecoa com uma frequência inquietante na nossa realidade política. A vigilância é imperativa para que este cenário sombrio não se consolide na nossa governação.

Para quem ainda nutria dúvidas sobre a imparcialidade política dos órgãos noticiosos madeirenses – o Jornal da Madeira, o Diário de Notícias e a RTP-Madeira – as suas recentes coberturas dissipam-nas por completo. É evidente que operam como fiéis porta-vozes do PPD/PSD e do Governo Regional. O extenso tempo de antena concedido, a censura velada e a manipulação da narrativa em detrimento da oposição são, infelizmente, uma constante na nossa paisagem mediática. Esta cumplicidade mediática apenas serve para perpetuar a desinformação e a apatia, fundamentais para a ascensão de forças que ameaçam o

A Caquistocracia no Poder e o Silêncio Cúmplice da Imprensa Madeirense

A preocupação com a caquistocracia — o governo dos piores, dos inaptos, dos incultos, dos desonestos — ecoa com uma frequência inquietante na nossa realidade política. A vigilância é imperativa para que este cenário sombrio não se consolide na nossa governação.

Para quem ainda nutria dúvidas sobre a imparcialidade política dos órgãos noticiosos madeirenses – o Jornal da Madeira, o Diário de Notícias e a RTP-Madeira – as suas recentes coberturas dissipam-nas por completo. É evidente que operam como fiéis porta-vozes do PPD/PSD e do Governo Regional. O extenso tempo de antena concedido, a censura velada e a manipulação da narrativa em detrimento da oposição são, infelizmente, uma constante na nossa paisagem mediática. Esta cumplicidade mediática apenas serve para perpetuar a desinformação e a apatia, fundamentais para a ascensão de forças que ameaçam os alicerces da democracia.

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