P or cada cruz no boletim, estás a escolher muito mais do que um partido. Estás a ajudar a decidir quem vai ser o número dois do Estado, o futuro presidente da Assembleia da República, e o número três, o próximo primeiro-ministro de Portugal. E com isto, estás também a aprovar os salários que vão receber. Através do poder do teu voto.
Salário Mínimo: A realidade do povo
Enquanto o salário mínimo nacional se arrasta nos 870 euros, 915 euros na Madeira, 913,50 nos Açores, milhões de portugueses equilibram-se na corda bamba da sobrevivência. Esta é a linha que separa a dignidade da precariedade.
Salários dos políticos: O grande salto em frente
Mas do lado de lá do espelho, vive-se uma outra realidade. A elite política viu agora os seus rendimentos mensais engordar até 650 euros brutos, graças ao fim do corte de 5% implementado durante a troika e à atualização geral de 2,15% dos salários da Função Pública.
- Presidente da República: de 11.068€ para 11.718,20€ ilíquidos/mês
- Presidente da Assembleia: 9.374,55€
- Primeiro-Ministro: 8.768,65€
- Ministros: 7.616,83€
- Secretários de Estado: 6.779,81€
- Deputados: até 4.603,58€, com exclusividade
- Vice-presidentes do Parlamento: 5.231,34€
Tudo isto sem contar com ajudas de custo, abonos para habitação, deslocações e alimentação.
Quem paga? Tu. Quem escolhe? Tu também.
O Orçamento do Estado para 2025, aprovado com os votos do PSD e CDS, formalizou esta reposição de rendimentos. Os peritos elogiam a medida e alguns consideram mesmo “ainda insuficiente”. Mas o cidadão comum, que tenta pagar a renda, as contas e o supermercado com um ordenado mínimo, pode sentir-se traído.
A média salarial nacional é de 1.528€. Ainda assim, o primeiro-ministro ganha mais de 345% acima disso.
Populismo ou legítima indignação?
Os especialistas dividem-se: uns defendem melhores salários para atrair competência à política. Outros alertam para o risco de alimentar a máquina partidária e o compadrio. E muitos cidadãos perguntam-se: como é que se justifica um aumento destes quando o país continua pobre, endividado e desigual?
Conclusão: votar é subsidiar.
A política não se faz apenas de ideologia, mas de contas. De salários. Das prioridades orçamentais. O teu voto decide quem governa, e quanto recebe para o fazer.
Por isso, quando fores votar, lembra-te: não estás só a escolher ideias. Estás a assinar um cheque.
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