Ninguém fica indiferente...
A paisagem característica da Vila Baleira, no Porto Santo, está a sofrer uma transformação significativa devido à infestação do escaravelho-da-palmeira (Rhynchophorus ferrugineus), uma praga que tem devastado as emblemáticas palmeiras da região. Originário da Ásia tropical, este inseto foi identificado pela primeira vez em Portugal em 2007, no Algarve, e posteriormente na Madeira em 2008. A sua presença no Porto Santo foi confirmada em outubro de 2023, após ações de monitorização fitossanitária realizadas pelo Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) .
O escaravelho-da-palmeira é particularmente prejudicial à Phoenix canariensis, espécie predominante no Porto Santo. As larvas deste inseto escavam túneis no interior do tronco das palmeiras, comprometendo a sua estrutura e levando à morte da planta. Desde a deteção da praga, foram implementadas medidas de contenção, incluindo a aplicação de inseticidas por endoterapia e o abate de palmeiras infetadas. Até dezembro de 2024, cerca de 200 palmeiras foram cortadas, e outras 250 apresentavam sinais de infestação, das quais 50 estavam em estado irreversível .
A perda destas palmeiras tem um impacto profundo na identidade visual e cultural da Vila Baleira, é a nossa imagem emblemática. As palmeiras não só embelezavam a paisagem urbana como também eram símbolos da herança natural da ilha. A sua ausência altera significativamente a estética da região, afetando também o turismo, um dos principais pilares da economia local.
Para mitigar a propagação da praga, o IFCN apelou à população para evitar o corte de folhas verdes das palmeiras, uma vez que tal prática pode atrair o escaravelho e facilitar a postura de ovos . Além disso, foi recomendada a interdição do transporte de palmeiras da Madeira para o Porto Santo, como forma de prevenir novas introduções da praga.
A situação, mais uma vez, e desta feita no Porto Santo, destaca a importância de medidas preventivas rigorosas na gestão de espécies invasoras. A experiência das Ilhas Canárias, que conseguiram erradicar o escaravelho após uma década de esforços intensivos, serve como exemplo de que a contenção é possível, embora exija compromisso e recursos significativos. Porque nós não conseguimos?
A comunidade local, juntamente com as autoridades, enfrentam agora o desafio de restaurar a paisagem urbana e preservar a identidade única da Vila Baleira. A rearborização deve ser realizada com cuidado, considerando espécies adequadas ao ecossistema local e resistentes a pragas, para garantir a sustentabilidade ambiental e cultural da região.
Para muitos, mesmo replantando, já não haverá esperança de vida para ver a "identidade" reposta. E para além das pragas, alguém liga às alterações climáticas?
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