Funchal: a capital do barulho.


A nossa pérola do Atlântico, conhecida pelo seu clima ameno, pelas flores... e agora, pelo seu mais recente património imaterial: o ruído. Sim, caro leitor, se quiser sentir a emoção de uma rave techno às 20h, basta dar um passeio inocente pela Avenida do Mar numa quente noite de verão. Cuidado, claro, para não tropeçar na sua própria paciência.

Logo ali, em cima das Galerias de São Lourenço — um edifício que, em tempos, inspirava alguma dignidade urbana — mora agora um bar que decidiu transformar o centro da cidade num festival sonoro permanente. Às 20h, em vez de ouvir as gaivotas, a brisa marítima ou os seus próprios pensamentos, é brindado com batidas eletrónicas de gosto... duvidoso, para não dizer criminoso. É música que parece escolhida por um algoritmo bêbado — e tocada como se o público estivesse em êxtase, quando na verdade está só a tentar jantar em paz ou passear com o cão sem que este entre em modo “pânico de guerra”.

E quem são os artistas por detrás desta orquestra de ruído urbano? Será que os donos do bar são também os senhores do café do Teatro ali ao lado? Afinal, a cidade virou palco — só que da comédia absurda, não da arte. O Funchal está em alta frequência, em alta irritação e em alto volume. Já ninguém aguenta este nível de desrespeito pelos funchalenses.

O mais impressionante? Nada, absolutamente nada, acontece. A polícia? Nem vê-la. Talvez estejam todos a curtir o som também, ou quem sabe, com tampões nos ouvidos e olhos bem fechados. Já não é só depois da meia-noite — agora o novo horário nobre da cacofonia urbana começa ao pôr do sol. Quem precisa de tranquilidade quando pode ter um DJ a gritar “Let’s goooo!” por cima de uma sirene remixada?

E o civismo? E o respeito pelos moradores? Pelos turistas que até gostam de ouvir o mar e não um remix de britadeira com autotune? Nada disso importa. O Funchal virou um parque temático do disparate, onde o espaço público é privatizado por colunas de som, e a qualidade de vida foi mandada borda fora. Final de mandato da equipa galáctea de Pedro Calado, Cristina Pedra, Margarida Pocinho, Bruno Pereira….votem neles outra vez e vejam o que vos espera.

A cidade está em chamas — sonoras. Já não bastava o fogo de artifício, agora temos decibéis a rebentar-nos os tímpanos em estéreo. Viva a cidade que nunca dorme... porque não consegue.

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1 Comentários

  1. Mas ágora já ninguém tem respeito pelo próximo até onde vai isto não há ninguém que tenha tomates para pôr um fim a tudo isto, porquê que o café teatro é que manda,têm algo na manga vamos pedir a judiciária do continente para vir cá ver o que se está passando, continua a corrupção, nada foi feito acordem antes que seja tarde

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