Eduardo Jesus sabe que é impopular, não nos compra com tretas!


O elástico são os madeirenses, sempre a perder com este secretário que foi escolhido e não eleito pelos lóbis. Encareceram a água de rega para dar ao golfe e às piscinas, tiraram-nos a Madeira para alimentar a massificação do "gado" na serra (turistas)... esses não estragam nada.

H ouve um tempo em que os madeirenses eram livres na sua própria terra. Caminhavam pelos seus percursos naturais sem pedir licença, sem marcar hora, sem provar que pertenciam ao lugar onde nasceram. Hoje, por decreto e plataforma digital, são colocados na mesma fila que o turista ocasional, marquem, aguardem, obedeçam.

Em nome da sustentabilidade, essa palavra elástica que serve para tudo, o Governo Regional decidiu que o residente só é livre depois de autorizado. A diferença? Dizem-nos agora, com ar piedoso, que os madeirenses “têm vagas asseguradas”. Uma espécie de caridade administrativa, não pagam, mas têm de pedir. Não são excluídos, apenas submetidos. Da ditadura já sabíamos, mas a censura agora está a chegar a todos!

Em tempo de Natal, a coisa até soa bem. Solidariedade, inclusão, acesso garantido. Só falta o presépio institucional. Mas a verdade é mais crua, o direito transforma-se em favor, e o favor depende sempre de quem manda. A ilha dos favores e das cunhas, de coisas triviais ficamos a dever préstimos nas eleições, "ajudei, ajudem-me", com o que é nosso e de nenhum secretário.

Eduardo Jesus insiste em apresentar esta imposição como um gesto de proteção ambiental e justiça. Mas cada nova explicação apenas reforça a perceção de erro. Quando é preciso explicar tanto, é porque algo falhou à partida. E falhou porque ninguém explicou aos madeirenses por que razão deixaram de ser donos do seu território para se tornarem utilizadores condicionados do mesmo.

Eduardo Jesus vai mostrando que está errado e que os seus índices de popularidade não são salvos pelo decadente Diário de Notícias. O JM vem em seu salvamento chama-lhe garantia de acesso, mas os cidadãos sentem-no como perda de dignidade cívica.

A popularidade não se compra com reservas obrigatórias nem com títulos simpáticos. Governa-se com confiança, pensando e estudando antes de executar. E confiança não se constrói quando um secretário trata os residentes como exceção tolerada na sua própria casa.

Corrigir seria admitir o erro.

E admitir o erro, como se vê, continua a ser o percurso mais difícil de todos.