S ou familiar de um paciente oncológico ao qual já faltou por duas vezes medicamentos no nosso serviço de Sáude. Também sou espectador da notícia da senhora Maria João que luta contra um cancro do estômago e que durante dois meses espera por um medicamento, com autorização do Infarmed, que foi rejeitado: o zolbetuximab (link). Não temos sorte de ser brasileiros com contactos com o filho do Presidente da República, somos só portugueses que descontam e sempre viveram aqui.
Nesta terra tudo é betão, mas e a organização, a qualidade, o mérito, tudo vai por cunha a monta o império da incompetência? Só o betão recebe e não as farmacêuticas a tempo e horas para não cortar o fornecimento. A Saúde agora é feita nos campos de golfe.
A falta recorrente de medicamentos, a ausência de testes rápidos nas urgências e a existência de equipamentos inoperacionais no Hospital Dr. Nélio Mendonça deixaram de ser exceções. Neste momento já corre pelo povo, sim porque isto é mais controlado do que pensam, que é melhor não ir às urgências que está infestado de Gripe A... e dizem que não têm testes. Algo banal? Que raio de hospital é este que ganha prémios? Também ganha prémios? As pessoas já não podem com toda esta fantasia.
Faltar tudo tornou-se rotina. Uma rotina perigosa, que fragiliza a resposta do Serviço de Saúde da Região, compromete tratamentos, atrasa diagnósticos e coloca profissionais e doentes numa posição de permanente improviso. Sobretudo mata por insensibilidade humana quem tem a doença oncológica.
Perante este cenário repetido, a pergunta impõe-se com toda a legitimidade democrática: vai esta gestão transitar, intacta, para o novo hospital?
A construção de um novo hospital tem sido apresentada como a grande resposta para os problemas da saúde na Região. Mas convém dizer com clareza, um edifício novo não cura falhas de gestão. Betão, vidro e equipamentos de última geração não substituem planeamento, rigor logístico, transparência nos processos e responsabilidade política.
Se hoje faltam medicamentos essenciais, se há ruturas em tratamentos oncológicos, se equipamentos permanecem inoperacionais e se testes básicos deixam de estar disponíveis nas urgências, então o problema não é apenas estrutural, é político e organizacional. É o tachismo e a inversão de prioridades, golfe em vez de medicamentos. E enquanto não houver uma mudança clara na forma como o sistema é gerido, o risco é evidente, teremos um hospital novo a funcionar com os mesmos vícios do hospital antigo.
As respostas oficiais tendem a minimizar, justificar com “situações pontuais” ou atribuir culpas a atrasos externos. Quando tudo é sempre pontual, o problema deixa de ser pontual, passa a ser sistémico. A Região está a investir milhões num novo hospital. Esse investimento obriga a mais do que inaugurações e discursos. Obriga a respostas claras:
- Quem é responsabilizado pelas ruturas sucessivas?
- Que mudanças concretas estão a ser implementadas na gestão do SESARAM?
- Que garantias existem de que estas falhas não se repetirão no novo hospital?
Sem respostas objetivas, o novo hospital corre o risco de ser apenas uma mudança de cenário. Os doentes não precisam de promessas futuras; precisam de cuidados hoje. E a saúde pública não pode continuar refém de uma gestão que parece incapaz de assegurar o essencial.
Os pacientes VIP também são tratados assim ou vão ver a "máquina fora", cá por fora já se ouviu mais do que um vez VIPs que não voltaram a sair por causa das bactérias multi-resistentes.
Isto já é caso de polícia, incúria permanente.
Temos um conjunto de governantes que quer saber dos clientelismos, dos tachismos, das negociatas, da privatização, temos governantes eleitos por nós que são traidores dos portugueses e madeirenses. Depois admiram-se dos extremismos crescerem? Quando se degradam serviços públicos é quase regra a intenção de privatizar, encaminhar negócio. Agora no continente, até vão avançar com 8 centros de saúde privados. Só falta chegar aqui também, nesta imitação de Saúde Americana do senhor Pedro que oferecia saúde por votos pelo telefone, aquele que em conferência de imprensa não respondia a perguntas nos seus monólogos, o que deixou roubarem os nossos dados, tudo isto é uma tremenda incompetência! No continente estavam arrasados bando de incompetentes.
Ninguém está livre de precisar do hospital, tal como VIPs já faleceram... alguns governantes que comecem a pensar na sua saúde. É a minha mensagem de Natal, época de hipocrisia.
