A implementação da nova rede de transportes SIGA na Madeira (que integra os serviços da Horários do Funchal, Rodoeste, SAM e CAM) tem sido um dos temas mais acesos na opinião pública regional ao longo de 2024 e 2025. Embora a renovação da frota com autocarros mais modernos e menos poluentes seja elogiada, o serviço "no terreno" tem enfrentado uma avalanche de críticas.
O "caos" da bilhética e o cartão GIRO é talvez a maior fonte de frustração. A transição para o novo sistema de bilhética integrada foi confusa. Muitos utentes queixaram-se de que, com o fim do carregamento dos títulos antigos e o atraso na plena disponibilidade do novo sistema, foram obrigados a comprar bilhete a bordo. O bilhete de bordo é significativamente mais caro. Em casos de transbordo, o custo pode disparar mais de 200%, já que o utente paga dois bilhetes em vez de usar um título combinado. Os postos de venda e atendimento registaram esperas longas devido à substituição massiva de passes.
Depois vem o serviço, com a lotação esgotada e o dilema de viajar "de pé". Especialmente nas horas de ponta e nas ligações entre o Funchal e concelhos como Santa Cruz ou Câmara de Lobos, os passageiros viajam muitas vezes em condições de desconforto, "entre empurrões e cotoveladas". Viajar de pé em percursos rápidos ou em estradas com curvas apertadas gera insegurança, especialmente para os idosos.
A reestruturação das carreiras resultou, em alguns casos, na supressão de horários ou alteração de percursos. Houve relatos de populações (como no Espigão, na Ribeira Brava) que ficaram sem transportes diretos, obrigando moradores a caminhadas de 45 minutos para chegar à paragem mais próxima. Depois ainda há a redução em período não escolar, a diminuição drástica de frequências durante as férias escolares deixa trabalhadores e idosos sem alternativas viáveis. E muitos queixam-se dos idosos usarem o autocarro na hora dos trabalhadores se deslocarem. Estão no seu direito, mas deveria haver bom senso e mais autocarros.
Apesar da promessa de uma rede moderna, as ferramentas digitais têm falhado, falta a atualização em tempo real e à ausência de funcionalidades prometidas (como o planeamento de viagem eficaz). A pontualidade é um problema recorrente, agravado pelo trânsito e pela falta de faixas exclusivas em pontos críticos da ilha.
O sentimento dominante é de que houve um investimento pesado no "invólucro" (os veículos novos), mas uma falha grave no planeamento operacional e na comunicação. Os utentes sentem que o sistema foi "uniformizado" no papel, mas que a qualidade do serviço diário regrediu para quem não tem outra alternativa de transporte.
Vai acontecer o mesmo com o hospital novo?
As empresas e o Governo Regional admitem que este é um "período de adaptação" necessário para uma reforma que não era feita há décadas, mas para o passageiro que chega tarde ao trabalho, vai de pé em rotas extensas ou paga o dobro pelo bilhete, a paciência está a esgotar-se. Ninguém estuda o que vai implementar da Madeira? Nos transportes tem sido um desastre.
