U m acidente grave na Via Rápida da Madeira, especialmente com o tráfego pesado são mais um sintoma das práticas perigosas que existem todos os dias e ninguém faz nada! Há muitos focos de queixas dos utilizadores e a segurança está comprometida. É urgente traçar um plano robusto para transformar a Via Rápida de alto risco numa via mais segura e eficiente. Não se trata apenas de multar, mas de prevenir e educar.
Eu não sei o porquê da inércia apesar de ser tão evidente, aguardam por um acidente muito grave para se sentirem impelidos a atuar? Precisamos de um plano abrangente para a segurança na Via Rápida assentes em 3 vectores, a fiscalização e tecnologia, a infraestrutura e sinalização e ainda, a mais importante, a educação e consciencialização.
A falta de uso legal das câmaras e a ausência de radares são falhas gritantes que incentivam o desrespeito! Precisamos do uso de câmaras inteligentes para uma monitorização 24/7. As câmaras existentes devem ser ligadas e monitorizadas constantemente, seja por um centro de controlo ou com recurso a inteligência artificial para detetar infrações (velocidade excessiva, manobras perigosas, etc). É doloroso? É! Mas já vimos que alguns não respeitam a vida dos outros. Precisamos de um sistema de matrículas, ou seja, implementar um sistema de reconhecimento automático de matrículas (ANPR) que possa detetar veículos sem inspeção, seguro ou com histórico de infrações, e que permita aplicar multas automáticas para excesso de velocidade. É doloroso? É! Respeitassem!
Precisamos que as gravações sejam usadas como prova para incriminar condutores em caso de acidentes ou infrações graves, acabando com a sensação de impunidade! Para quando radares fixos e móveis? Colocar radares fixos em pontos estratégicos da Via Rápida, especialmente em zonas de maior perigo, com histórico de acidentes ou onde se verificam velocidades excessivas. Complementar com radares móveis e fiscalização por elementos da GNR/PSP. Outro pormenor, radares de controlo de distância, daqueles que detetam distâncias de segurança insuficientes (permanentes), uma das causas comuns de acidentes, com os chamados colas a pressionar quando a velocidade está a ser excedida e eles vão a muito mais ...
Esta é dolorosa, impraticável no reino dos impunes, mas é preciso dizer! Fiscalização de Camiões! Mais frequência e rigor! Realizar fiscalizações inopinadas a camiões, especialmente cisternas de gás e de obras, para verificar pesos, estado dos pneus, travões e se a carga (pedrinhas incluídas) está devidamente segura.
Precisamos de avaliar a possibilidade de proibir o tráfego de veículos pesados em determinados horários de pico, se a capacidade da via permitir. Vai sendo necessário nesta ditadura da construção.
Sei do relevo e a impossibilidade nalgumas situações, mas todos já reparamos que é difícil entrar na Via Rápida ao ritmo dos que estão a circular, não há faixa de aceleração, mais urgente que a saída. É preciso melhorar a sinalização, mesmo que não liguem, mas é argumento de prova. Melhorar a Via em si também comporta não ter um pescoço para 180º ou placas a tapar a visibilidade do trânsito para entrarmos.
Nalguns pontos é preciso melhorar a drenagem da via.
Por último a educação e consciencialização, que fomos perdendo, eu não devia generalizar porque há boa gente a circular, mas alguns têm que mudar os comportamentos de condução agressiva, aquela que corta a faixa dos outros por excesso de velocidade, a retoma demasiado cedo nas ultrapassagens, os piscas que não se fazem, os "transversais" que vêm na esquerda para sair da Via Rápida, etc.
A tecnologia e a infraestrutura não são suficientes se os condutores não mudarem os seus hábitos, mas pode melhorar. É preciso lançar campanhas de sensibilização intensivas sobre os perigos da velocidade excessiva, do uso do telemóvel, da condução sob influência de álcool e estupefacientes e das corridas noturnas. Triste mas verdade, algumas pessoas não têm destreza para conduzir.
Precisamos de inserir nos programas escolares a educação rodoviária, desde cedo, para formar condutores mais conscientes e responsáveis. Tal como fizemos com o ambiente. Deveria haver uma outra formação, cursos de condução defensiva, com incentivos à participação através de benefícios fiscais ou de seguro e pontos positivos na carta.
Vejo aparecer vídeos de loucuras no trânsito, é preciso criar um canal fácil e acessível para que os cidadãos possam denunciar comportamentos de risco (como as corridas noturnas), fornecendo vídeos ou fotos, de forma anónima, se necessário, às autoridades. Os turistas devem ter mais registos no aluguer de carros e sofrer consequências da sua condução. Ah, e as rent-a-cars devem ser atuadas por dar maus conselhos aos clientes, como circular sempre por fora nas rotundas para nunca perderem casos e no máximo ser 50/50, porque os outros cumprindo é que mudam de faixa.
É hora de deixar de lado as desculpas e a inação. A Via Rápida da Madeira não pode continuar a ser um cenário de perigo constante. A segurança dos madeirenses e de quem visita a ilha deve ser a prioridade máxima. É um plano ambicioso, mas é o que se exige para acabar com esta irresponsabilidade e garantir que a Via Rápida seja, de facto, rápida, mas acima de tudo, segura.
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