D. Sebastião do Ginásio

 

O nevoeiro da Madeira pode dar sempre mais uma oportunidade.

E is que do nevoeiro tropical da ilha da Madeira nos surge uma figura mítica: Chico Santinho, mais conhecido entre os bancos da escola e os bancos de musculação como “Chiquinho, o Carreirista de Camisola Justa”.

Chiquinho, esse nosso professor de Educação Física, mas não se deixem enganar pelo apito e cronómetro, decidiu que o seu verdadeiro dom não está na flexão de braços, mas na torção da História de Portugal. Agora, armado em cronista renascentista com sotaque cubano e calções de lycra, o homem vem falar-nos do D. Sebastião. O último rei de Portugal que, como todos sabemos, desapareceu em Alcácer-Quibir e que, aparentemente, ressurgiu... na sala de professores da escola secundária local.

É preciso ter lata. O senhor acha-se na posição de historiador, de tribuno e, vá, talvez até de messias. Só que em vez de salvar Portugal, anda a dar palestras sobre reis desaparecidos, enquanto a Madeira olha para ele e pergunta: “Mas quem é este e porque é que está a falar?”

Chiquinho, meu caro, com todo o respeito (que é nenhum): não está na altura de fazeres como o D. Sebastião e desapareces outra vez? Mas desta vez sem a promessa de regresso, se faz favor.

A tua presença aqui é como uma aula de zumba dada em latim: não faz sentido nenhum e ninguém pediu. O teu contributo para a Madeira é equivalente ao impacto cultural de uma telenovela venezuelana dobrada em mirandês. Ou seja, zero.

Por isso, com todo o amor que esta ilha pode oferecer, vai. Desce do palco. Fecha o PowerPoint. Dá um último salto mortal e apanha o próximo barco. Porque se há coisa que a Madeira não precisa, é de um professor de ginástica transformado em historiador de ocasião. Já temos sol a mais. Não precisamos de mais calor humano vindo de discursos sem nexo.

Adeus, Chiquinho. Vai com Deus. E, se encontrares o D. Sebastião, manda-lhe um abraço. Mas pede-lhe para não voltar também.

Enviar um comentário

0 Comentários