João Rodrigues e a teimosia da opacidade


Não aprendeu nada com a Operação Zarco.

P arece que, para o vereador João Rodrigues, as buscas da Polícia Judiciária e a exposição da Operação Zarco não serviram de lição. Em vez de corrigir rumos, aumentar a transparência e restaurar a confiança dos cidadãos, o vereador insiste num comportamento que levanta sérias dúvidas sobre a lisura dos processos urbanísticos que tutela. Aparentemente, nada mudou, e é precisamente isso que mais preocupa.

Em plena era da exigência democrática, da prestação de contas e da abertura das instituições ao escrutínio público, João Rodrigues continua a dar luz verde exclusivamente a projetos oriundos de dois gabinetes de arquitetura. Dois. Nem mais, nem menos. Como é possível? Onde é que já se viu tamanha limitação no acesso à atividade urbanística? Esta postura levanta suspeitas legítimas sobre falta de isenção, favorecimento e, acima de tudo, uma total ausência de transparência nos critérios de decisão.

O urbanismo municipal deve reger-se por princípios claros, acessíveis e equitativos. Quando um vereador apenas valida projetos vindos sempre das mesmas origens, o sistema torna-se não só viciado, como altamente injusto para os restantes profissionais do setor e, por consequência, para toda a população. Esta prática mina a concorrência, distorce o mercado e aprofunda a desconfiança em relação ao poder político local.

Mais grave ainda é o desprezo aparente pelas consequências políticas e legais da Operação Zarco. Esperava-se, no mínimo, um gesto de correção, uma tentativa de reposicionar o mandato em nome da ética pública. Mas João Rodrigues continua como se nada fosse, como se os alertas da Justiça fossem apenas ruído passageiro.

A Madeira merece melhor. A política urbanística não pode ser um jogo de bastidores entre gabinetes escolhidos a dedo. A transparência não é opcional, é obrigatória. E quem não está à altura dessa exigência, deveria, no mínimo, ter a decência de sair pelo próprio pé.

João Rodrigues pode fingir que nada aprendeu. Mas a população está a ver, e já não esquece, leu bem Sr. Doutor Luís Nunes? A pediatria não se aplica neste caso. Será necessário uma bela limpeza anti corrupção se quiser ganhar as eleições na camara do Funchal.

Enviar um comentário

0 Comentários