A Universidade da Madeira (UMa), enquanto principal instituição de ensino superior do arquipélago, tem uma responsabilidade inegável no desenvolvimento educativo e cultural da região. Contudo, é lamentável constatar que, até à data, esta universidade não oferece formação específica e estruturada para professores do ensino secundário. Esta lacuna grave compromete não só o futuro dos jovens madeirenses, como também agrava uma situação já insustentável: a da crónica escassez de professores qualificados na região.
Atualmente, a Madeira conta com cerca de 400 professores destacados, muitos dos quais oriundos do continente, colocados temporariamente na região para colmatar a falta de docentes. Este número impressionante não é apenas sintoma de um problema, é a confirmação de que estamos perante uma falha estratégica profunda. Em vez de promover a autonomia formativa e profissional da população local, a UMa permanece alheia a uma das suas missões mais essenciais: garantir a formação de professores aptos a lecionar no ensino secundário, especialmente nas áreas de maior carência como Física, Matemática, Português e Línguas Estrangeiras.
Esta dependência constante de recursos externos não só coloca em causa a continuidade pedagógica e a estabilidade das escolas, como também revela um certo desinteresse institucional face às necessidades reais da sociedade madeirense. A formação de professores locais contribuiria para fixar talento na região, reduzir os custos associados ao destacamento de docentes e, acima de tudo, garantir um ensino mais próximo da realidade e identidade insular.
A Universidade da Madeira deve, por isso, repensar o seu papel. É imperativo que crie, com urgência, mestrados em ensino direcionados para o secundário, promovendo parcerias com escolas locais para estágios e práticas pedagógicas relevantes. A formação de professores não é um luxo, é uma necessidade estrutural. Ignorá-la é condenar o futuro da educação na Madeira a uma dependência permanente e a um ciclo vicioso de improviso e instabilidade.
É tempo de agir. A UMa deve estar à altura das exigências do território que representa.
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.