O espetáculo da deslealdade...



... e o crepúsculo do compromisso partidário na política madeirense

política, na Madeira, tornou-se um palco onde a lealdade é uma miragem e o interesse pessoal assume o papel principal. É uma triste constatação: a máxima de que a filiação partidária implica seguir as suas regras parece ter sido varrida para debaixo do tapete da conveniência. Se as regras apertam, a "camisola" é prontamente despida, revelando o que já todos sabemos: para alguns, a ligação ao partido é um mero veículo para fins egoístas. Não há surpresa, apenas a confirmação de um padrão vicioso e mais do que provado. Onde a lealdade termina, o interesse começa. É, porventura, tempo de exigirmos mais honestidade.

A expressão "amor pela camisola", que outrora encerrava um profundo sentido de pertença e compromisso, parece ter-se desvanecido no éter da nossa sociedade. Esta perda não se restringe ao campo de futebol, onde a paixão clubística cede lugar à lógica mercantilista, ou à política, onde a convicção ideológica é substituída pela sede de poder. O mais doloroso é constatar que este desaparecimento da lealdade e do compromisso se infiltrou até nas nossas próprias famílias. O que nos aconteceu? A raiva, a desilusão e a revolta instalam-se ao ver que o amor pela camisola é, hoje, uma raridade. Precisamos, com urgência, de mais compromisso.

A máxima de Maquiavel, "dividir para reinar", mantém-se, infelizmente, como uma fórmula de sucesso para aqueles que manipulam o jogo político. É um aviso claro para que não nos deixemos enganar por estas táticas maquiavélicas que visam apenas fragmentar a sociedade para benefício próprio.

O caso da Senhora Élia é paradigmático da degradação dos valores partidários e da primazia do ego sobre a instituição. Se a Senhora Élia não aceita as regras do JPP, se não se coaduna com as decisões tomadas internamente, isso não demonstra apenas um problema pessoal, mas uma profunda deslealdade institucional. Como pode alguém ser considerado de confiança quando as suas ações gritam que a vaidade e o hedonismo superam qualquer compromisso partidário? É simples: a sua atitude em aceitar certos caminhos, que conflituam com a vontade do partido, prova que não é de confiança, agindo puramente por vaidade e ego.

A intenção por trás de tais movimentos é transparente: desestabilizar o JPP para pavimentar o caminho para a vitória do PSD. Não é surpreendente. Há quem afirme que a Senhora Élia terá entrado no partido com o propósito explícito de criar problemas, talvez a mando do PSD, e que a sua ânsia por liderar, sem o devido respeito pelos mais experientes, é prova cabal disso. É óbvio: a única coisa que realmente pretendem é minar o JPP para entregar o poder de bandeja ao PSD. A humildade e o respeito parecem ser qualidades há muito esquecidas nesta equação. É uma pena, e uma manobra que se revela demasiado previsível para chocar verdadeiramente.

O que se passa nos bastidores dos partidos é, muitas vezes, um segredo guardado a sete chaves por quem está lá dentro. Contudo, a performance pública de alguns revela mais do que as palavras ditas. A senhora em questão, sem dúvida, possui um notável talento de atriz. Há quem acredite que ela tem muitas "ideias" na cabeça, e que a verdade, por mais que tentem escondê-la, virá à tona. É um jogo de paciência, onde a poeira acabará por assentar, revelando o que se esconde por trás da cortina.

A fuga da responsabilidade é outra característica marcante. A senhora em questão, previsivelmente, tentará esconder-se, refugiar-se nas sombras. Se ela realmente acredita que pode "mudar as coisas", por que razão o partido, então, demonstra tanto medo? Conhecem a palavra "coragem"? É lamentável que a Senhora Elia pareça cega ao óbvio: o seu ego colossal, aliado à pressa desenfreada dos media em derrubar quem ousa desafiar o sistema, forma uma dupla perfeita, uma equipa de sonho para a desestabilização. É inacreditável que não perceba a dimensão do seu egocentrismo e da ânsia mediática em atacar quem não se curva. Juntos, formarão uma coligação que, lamentavelmente, faz todo o sentido no panorama atual.

É imperativo sublinhar que a senhora em questão não é, de facto, democrática. A sua recusa em aceitar a escolha do partido e a sua insistência em ser candidata, a todo o custo, revelam uma crença perigosa de que é mais importante do que os outros. A humildade, se presente, ser-lhe-ia um trunfo. No entanto, mal iniciou o seu percurso no cargo e já demonstra um apego excessivo e doentio ao poder. Aceitaria não ser a número um? Se a resposta for não, isso apenas solidifica a ideia de que se julga superior e única.

É visível a sua faceta interesseira e uma ganância desmedida pelo poder, características que já começam a roçar o abuso. É profundamente lamentável que esteja a estragar o que o JPP conquistou com tanto sacrifício, comprometendo os esforços e a dedicação de muitos.

E o que dizer do próprio partido, se a única opinião que realmente conta é a do Senhor Élvio Sousa? Isto não é um partido; é uma autocracia velada. Onde está a "democracia" do povo (demos) + poder (cracia)? O povo escolheu, mas o partido, convenientemente, ignorou. Por isso, a antidemocracia que se manifesta não é da Senhora Élia, mas do próprio sistema. É fácil vir para as redes sociais expressar indignação, mas a verdade é mais complexa.

O resultado das urnas já era público quando a notícia irrompeu no Diário de Notícias. Será que a Senhora Élia Ascensão esperava ser a primeira em Santa Cruz? Independentemente disso, tal não desculpa o facto de o partido ter ignorado a vontade do povo que os elegeu. É mais fácil e conveniente tentar derrubar uma mulher que sabe o seu valor do que admitir que o partido cometeu um erro crasso, desrespeitando o próprio eleitorado. A "democracia" virou uma piada de mau gosto. O povo votou, e o partido, com uma arrogância insuportável, ignorou.

Se a Senhora Élia se afirma tão capaz, mas não respeita o JPP, a solução é clara: que se candidate sozinha à Câmara de Santa Cruz. Essa será a prova de fogo para as suas palavras, a única forma de demonstrar se é mais do que conversa fiada. Só assim, na arena da disputa individual, se poderá ver a verdadeira medida do seu valor e da sua alegada "superioridade".

Enviar um comentário

0 Comentários