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Uma mulher que desaparece com os problemas, uma M.A.G.A. |
J á a vimos com pessoas com deficiência, com pacientes com tendências suicidas, com bolos de aniversário do SESARAM (em contexto de gestão hospitalar ou pastelaria comunitária, ainda não se sabe). Sempre no enquadramento certo, com a cara de quem "sente muito", mas governa pouco.
E agora, Micaela, o que falta na tua caderneta de cromos da miséria humana?
- Toxicodependentes? Nah, esses são da Paula Margarido, claro — ela é que faz de relações públicas da desgraça multisubstância.
- Idosos largados nas camas dos hospitais sem família e sem diagnóstico? Ainda não tens uma foto? Corre, que dá imenso like.
- Pacientes nas urgências com 12 horas de espera, com a pulsação mais baixa que o teu orçamento para a saúde mental? Belo plano para uma story no Instagram.
- Mulheres vítimas de violência doméstica? Ah, outra vez, Paula Margarido. Está difícil de dividir as desgraças, hein?
- Internados na Casa de Saúde João de Almada, a olhar para a parede, porque os terapeutas também estão em burnout? Podias aparecer com uma expressão preocupada e um cachecol.
- Doentes oncológicos, esgotados física e emocionalmente, a ver os tratamentos serem adiados por "questões logísticas"? Já fizeste um post com a palavra “resiliência”?
- Doentes renais crónicos, em hemodiálise 3 vezes por semana, a apanhar chuva no ponto de autocarro porque o transporte foi "reorganizado"? Dá uma boa foto de inverno.
- Crianças com doenças raras sem acesso a medicação por causa de burocracia doentia? Ai, essa dava uma capa de revista humanista.
- Mulheres vítimas de violência doméstica? Hmm, não, também são da Paula Margarido — é preciso respeitar as jurisdições do desgosto.— Profissionais de saúde exaustos, em bicos de pés para manter um SNS remendado com fita cola? Podes tirar uma foto de grupo — se conseguires encontrar alguém que ainda esteja de pé.
Micaela, diz-nos: queres fotos ou queres fazer política pública de saúde? É que até agora, a tua gestão parece um catálogo da dor, em vez de um plano de ação.
Já cansa de ver tanta encenação.
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