F ora o ambiente artificial de riqueza criado, onde a estatística dilui por todos mas só uns gozam a vida e onde as elites dão a cheirar e o povo se acha elite, na verdade, com o custo de vida que temos e com aquilo que auferimos como ordenado, estamos cada vez mais pobres. O interessante é que o madeirense não só come a propaganda, a grandeza, os ícones, como mantém o poder a quem lhes tira tudo, sente orgulho em que "brinca" com dinheiro público para alimentar hobbies. Ainda dá palmas àqueles que já demonstraram que até nos hobbies... é com o dinheiro do povo.
A Madeira não é um lugar idílico que pintam, porque isso comporta o meio e suas gentes, é verdadeiramente um antro para os madeirense que vivem na sua terra natal, "expropriados", rejeitados, escravizados, ostracizados e maltratados pelos seus... que têm poder. Um afrodisíaco em que grudam como lapa por mais descabida que seja a sua permanência.
A Madeira é dos ricos e dos que, às toneladas, mostram que são corruptos e vêm branquear dinheiro ou nem categoria têm para ser turistas dos que nos interessam.
Convém relembrar o Acórdão, já que parece que o tempo de nojo acabou e a fórmula regrassa para gáudio até dos jornais que viviam também daquele dinheiro de esquema. Lembra-se? O acórdão detalhou uma vasta rede de alegadas ilegalidades que envolvem o antigo vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, e outros arguidos, em contextos de urbanismo, licenciamentos, contratação pública e, significativamente, patrocínios desportivos, nomeadamente no âmbito dos ralis.
O acórdão apontou Pedro Calado como uma figura central num esquema de corrupção, onde utilizaria a sua influência e cargo para beneficiar os arguidos, designadamente Avelino Farinha e Custódio Correia, e, em contrapartida, obter benefícios para si e para terceiros. Estes benefícios incluíam, entre outros, o pagamento de patrocínios para a participação em ralis.
A "fatura" dos Ralis, segundo a investigação, identificou que Avelino Farinha, através do Grupo Socicorreia, efetuava pagamentos de patrocínios desportivos, especificamente para ralis, que eram, na realidade, "contrapartidas" pelos "favores" prestados por Pedro Calado. Estes patrocínios eram justificados com "faturas" que alegadamente representavam serviços prestados por empresas controladas por Pedro Calado ou por pessoas a ele ligadas, ou que beneficiavam pessoas da sua esfera de influência. O nome de Alexandre Camacho também surge como beneficiário destes patrocínios. O acórdão refere que Avelino Farinha terá pago, a pedido de Pedro Calado, 90.000,00 € em patrocínios a Alexandre Camacho para a época de ralis de 2019. Este valor foi pago em duas tranches de 45.000,00 €, uma em 05/04/2019 e outra em 22/07/2019. O Ministério Público argumentou que estes pagamentos eram uma forma de compensar os "favores" de Pedro Calado, usando Alexandre Camacho como um intermediário ou beneficiário final destes alegados pagamentos de "luvas".
Além de Alexandre Camacho, foram identificadas outras pessoas e empresas que terão beneficiado destes pagamentos de patrocínios, ou que serviram de intermediárias para canalizar o dinheiro. O acórdão menciona que os pagamentos eram feitos através de sociedades ligadas a Pedro Calado ou a familiares seus, como a empresa "Dream Store" ou "Rali da Madeira – Promoção e Organização de Eventos, Lda.", que eram usadas para justificar as contrapartidas em forma de patrocínios.
A tese do Ministério Público é que o dinheiro dos patrocínios dos ralis, formalmente justificado como apoio desportivo, era, na verdade, uma forma de dissimular os pagamentos ilícitos a Pedro Calado, em troca da sua intervenção em processos urbanísticos, contratação pública e outros benefícios para o Grupo Socicorreia e Avelino Farinha. Os pagamentos foram feitos de forma a evitar levantamentos em dinheiro que pudessem ser facilmente rastreados.
O acórdão descreve um padrão onde os patrocínios desportivos em ralis, especificamente para Alexandre Camacho, teriam sido utilizados como um mecanismo para o alegado pagamento de contrapartidas financeiras a Pedro Calado, mascarando o que a investigação considera ser um esquema de corrupção e tráfico de influências.
Naturalmente que agora, com o mesmo poder sem dar a cara, os ralis devem ser pagos com o dinheiro do apartamento? Da promoção do Monte? Alegadamente, há gente com muita magia. Mas, o que importa é que o povo vai cheirar Castrol, sentir orgulho e ir para casa contar os tostões porque alguém gozou a vida por ele. Assim vai a Madeira sem vergonha, descarada, com muito medo que fecha os olhos, a Justiça não conta, está tudo controlado.
Tudo se repete? Agora com Calado promotor do Monte? Mais um Jaime Filipe dos meandros obscuros que minam a política (link), o poder, as listas da CMF, etc.
Uma publicação que deve ser recordada: Um histórico do desporto automóvel na Madeira. (link)
Só posso dizer, "viva a verdade desportiva".