A marginal de São Vicente envergonha-se em laranja. Que piroseira!


Os Pets vão ter medo desta piroseira humana, mas vão defecar bem em cima.

Crónica de uma vergonha pintada.
São Vicente, a terra dos pirosos.

E m São Vicente, essa joia cravada entre as falésias madeirenses e o Atlântico indomável, ergueu-se agora uma nova maravilha moderna digna de um pesadelo tropical: um tapete laranja berrante, digno de um desfile de carnaval mal curado ou da visão cromática de um daltónico em crise existencial. Se Dante tivesse conhecido esta marginal, teria incluído um círculo no Inferno só para urbanistas com gosto duvidoso.

PQP laranja 😂. Não um laranja outonal, cálido, poético. Não. Um laranja gritado, rasgado, um laranja que faz os olhos sangrar e a alma pedir asilo noutro concelho. A cor das balizas de obras, da fita plástica que avisa “PERIGO”, da palete do PSD Madeira que, em tempos de eleições, já pinta tudo o que mexe e agora… até o que não devia. Será que ainda leva o metalizado e o verniz? Pode-se alcançar um fluorescente.

Enquanto o mundo avança com o urbanismo sustentável, integração paisagística, pisos drenantes e pavimentos neutros, São Vicente resolveu colorir o chão como quem entorna um balde de tinta numa ressaca partidária. Talvez tenha sido um acidente? Um camião da campanha do PSD capotou ou foi só um cérebro? Ou foi um contrato de empreitada mal lido? Afinal o sangue azul e elitista da Quinta Vigia não passa de um piroso, para se sair bem só demitindo o secretário, mas como ninguém se demite e não é demitido, cura-se o mal pintando o resto dos arruamentos de São Vicente de laranja. Já agora a câmara municipal.

Mas há que ver o lado prático. A cor berrante serve para acordar turistas sonolentos, assustar pombos, ou até evitar que os condutores adormeçam, quem conseguir olhar para aquele chão por mais de 10 segundos sem pestanejar merece um prémio de resistência ocular.

E o despesismo? Manter aquela cor em ambiente costeiro, sujeito a sol, sal e chuvas "tropicais", será como alimentar um Tamagotchi radioativo: caro, constante e absolutamente inútil. Vamos precisar de repintar aquela extravagância todos os meses, o que é ótimo para os cofres públicos, especialmente se os fornecedores forem "amigos".

Na terra onde a natureza é um quadro vivo de verde vertical e azul profundo na horizontal, pintaram o chão com a cor de um Power Ranger caído em desgraça. É como tatuar um emoji triste na testa da Mona Lisa. Um insulto à paisagem, ao bom gosto e à paciência dos contribuintes. Porra, será que a iluminação pública será laranja ou vermelho bordel?

São Vicente merecia melhor. Merecia um urbanismo que se harmonizasse com as suas encostas, não uma febre de tinta laranja. Agora, a vila é refém de uma piada cromática e nós, os que a amamos, somos cúmplices desta piroseira que dói mais que um escaldão no lombo. Ótimo lugar para a partida do rali, retorna logo ao preto.

Querem identidade partidária? Façam bandeiras. Mas, por favor, deixem o chão em paz.

Vai chegar ao isto é brincar com quem trabalha...

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