Comentário ao texto " O jornalista Influencer"


O lá, boa tarde. Li o vosso texto sobre o jornalista influencer (link). É errado se pensar que os jornalistas da Madeira não escolheram o lado em que querem estar: patrões, governo e máfia. Sentem-se com o vencimento seguro e vão ser tapete deles todos. É evidente que se este sistema de financiamento se esgota os jornalistas caem redondos porque perderam idoneidade para prosseguir a profissão noutra oportunidade. Não sei se haverá assessorias para todos.

Quero falar sobre a imparcialidade no jornalismo, um ideal complexo e, para muitos, inatingível na sua forma absoluta, já que todo jornalista é um ser humano com suas próprias visões de mundo. No entanto, o que se procura e o que o público pode e deve avaliar é a adesão a princípios e práticas que visam a neutralidade e a objetividade. Para avaliar a imparcialidade, é importante observar alguns pontos.

1. A separação entre Facto e Opinião

A base do jornalismo imparcial é a distinção clara entre reportagem e análise. No Jornalismo informativo, o texto deve-se limitar a descrever os fatos, as circunstâncias, as declarações e os dados de maneira precisa e verificável, sem expressar a opinião do autor.

Há jornalismo opinativo, nos editoriais, colunas e artigos de opinião, espaços legítimos para a expressão de pontos de vista, até dos jornalistas mas devidamente enquadrados. Devem ser apresentados de forma clara, para que o leitor não confunda a opinião do autor com o relato dos fatos. Se eu fosse jornalista dispensava esta oportunidade porque acaba por conotar com algo que destrói a idoneidade do jornalista. Tem acontecido muito na Madeira

2. Diversidade de fontes

Uma reportagem parcial geralmente privilegia um único lado da história. A imparcialidade, por outro lado, manifesta-se quando o jornalista procura múltiplas perspectivas, entrevista as diferentes partes envolvidas num conflito ou debate. Deve dar voz a ambos os lados, num tema controverso, a matéria deve apresentar o ponto de vista de todos os lados relevantes para a questão, mesmo que a reportagem não apoie um ou outro. O jornalista entrega ao leitor a decisão e deve corresponder aquelas perguntas básicas para que a notícia contenha toda a informação essencial, situação que não se respeita nos nossos dias. O leitor deve saber de onde as informações vieram para poder avaliar a credibilidade por si mesmo.

3. Escolha do Tema e da Cobertura

A imparcialidade não se manifesta apenas em como uma notícia é escrita, mas também no que é escolhido para ser noticiado e no peso que é dado a cada assunto. Este pormenor é mortal no jornalismo da Madeira, é muito inclinado e de vistas grossas. Um veículo de comunicação pode ser considerado parcial se cobrir de forma intensa e frequente apenas temas que interessam a um determinado grupo político, empresarial ou social, enquanto ignora outros tópicos de relevância geral. Acontece diariamente na Madeira. A forma como um título é escrito, a escolha das palavras e até a ordem dos parágrafos podem influenciar a percepção do leitor. Uma manchete que usa adjetivos carregados ou que enfatiza apenas um aspecto da história pode indicar viés, há muita forma de dar notícias e na Madeira elas voltam a ter plano inclinado e vistas grossas.

A imparcialidade não é a ausência total de viés humano, mas sim o resultado de um processo jornalístico rigoroso e ético, que procura apresentar os factos de forma equilibrada, permitindo que o público forme sua própria opinião. Ao consumir notícias, é sempre útil se perguntar: "Quais as vozes que não estão sendo ouvidas aqui?", "O que o autor quer que eu pense?" e "Onde estão os factos que sustentam essas afirmações?".

O jornalismo na Madeira não vai mudar de vida até que caia a máfia no bom sentido, fazem parte dela. É pena porque têm um enquadramento legal para serem independentes, mas preferem a subjugação.

No particular do DN, no Planeta, cartoons e opiniões dos jornalistas, encontra um desassossego pessoal pelo desconforto que provoca o serviço ao poder. Este é que é o problema que andam sempre a disfarçar.

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