A morte lenta da Universidade da Madeira


A Universidade da Madeira, que em tempos representou um projeto de emancipação regional e uma esperança para milhares de jovens, está hoje à beira do colapso. Numa ilha onde o ensino superior deveria ser um eixo estratégico de desenvolvimento, a universidade transforma-se lentamente numa instituição esvaziada, irrelevante, e cada vez mais desconectada da realidade social e económica da região.

A queda do número de estudantes é alarmante. As estatísticas não mentem, cada vez menos jovens madeirenses escolhem estudar na sua própria terra. Não porque não queiram aprender, mas porque sabem que a universidade já não lhes oferece futuro. Os cursos esvaziam-se e a resposta institucional resume-se a retórica oca e medidas administrativas que não tocam nos problemas reais. A Universidade da Madeira não está a ser vítima do acaso, mas sim de uma política de abandono e, pior ainda, de uma liderança que contribui para o seu próprio desmantelamento.

A atual reitoria, em vez de agir para reverter a decadência, escolhe um caminho perverso, premeia professores e investigadores ligados a cursos que já não têm procura. Em vez de apostar na requalificação, na reconversão curricular ou na criação de programas alinhados com as necessidades do mercado e da juventude, continua a alimentar estruturas caducas, desfasadas da realidade, como se premiar o vazio fosse estratégia.

Esta gestão perversa, burocrática e autorreferente perpetua uma cultura de privilégio interno que contrasta com o abandono generalizado dos estudantes. A universidade tornou-se um feudo estagnado, onde se protegem interesses instalados em vez de se abrir espaço à renovação. Enquanto isso, jovens continuam a sair da Madeira em massa, não por escolha, mas por desespero.

A saída dos jovens é o verdadeiro espelho do fracasso. Os que ficam, enfrentam um mercado de trabalho escasso e um sistema universitário que já não forma para o futuro, mas apenas sobrevive por inércia. Não se trata apenas de perda económica, trata-se de um empobrecimento humano e estrutural da região.

É preciso dizê-lo com clareza, a Universidade da Madeira está a ser conduzida para a irrelevância por uma liderança que prefere gerir o declínio do que enfrentá-lo. Que recompensa a estagnação e castiga a mudança. Que protege cadeiras vazias e ignora os jovens que partem. O que está em risco não é apenas uma instituição, é o futuro da Madeira como território de oportunidades.

Ou se enfrenta esta realidade com coragem e reformas profundas, ou resta-nos assistir ao lento funeral de uma universidade que já foi símbolo de progresso e que hoje é exemplo gritante de má gestão, falta de visão e abandono político.

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