A h, os nómadas digitais… vieram à Madeira em busca de sol, mar, poncha e uma boa ligação à internet. Trouxeram os seus laptops, os seus drones, os seus brunches e… agora, aparentemente, também trouxeram o espírito empreendedor do Airbnb portátil. A nova moda? Subarrendar as casas onde eles próprios estão a viver. Por semanas. Ou por meses. É o ciclo do alojamento curto, agora em versão nómada.
A pergunta impõe-se: será legal? Porque uma coisa é trabalhar remotamente num T1 com vista para o Funchal. Outra, bem diferente, é transformá-lo numa mini pensão encapotada sem alvará nem recibos. Será que a Receita sabe? E será que alguém, em algum lado, está a emitir recibos? Ou o recibo agora é um emoji com thumbs up no WhatsApp?
E mais: será que os próprios donos das casas sabem que estão a alugar o seu imóvel a um intermediário freelancer que se transformou, do dia para a noite, num agente imobiliário acidental?
O mais curioso é que estes mesmos nómadas, que há dois invernos reclamavam da falta de casas acessíveis, agora estão a praticar preços de luxo para mochileiros. Ironia? Karma? Ou apenas o ciclo natural do capitalismo criativo?
Talvez esteja na hora de criar uma nova categoria profissional: o “Nómada Digitário” – metade freelancer de marketing, metade senhorio à semana. Mas com pelo menos uma coisa em comum com os senhorios tradicionais: nunca se encontra disponível quando é preciso arranjar a máquina de lavar.
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