O pavimento da vergonha.


A corrupção pintada no solo de São Vicente

E m São Vicente, a tinta já não é neutra, é denúncia e sentença. A nova marginal, com o seu pavimento pintado de laranja vivo, é mais do que uma escolha de cor: é uma afronta à democracia, à liberdade, à decência política e à dignidade do povo madeirense.

Mas onde é que andam os outros partidos?

  • Onde anda o PS, refém do ego de Paulo Cafôfo, que permanece imóvel, mudo, paralisado — cúmplice por omissão?
  • Onde anda a JPP, tão entusiasta das causas da liberdade, mas agora silenciosa, mesmo com um assento parlamentar?
  • Apelamos Chega de São Vicente, que tem mostrar isto ao próprio André Ventura urgentemente!
  • Onde anda a CDU, que toda a vida se encheu de 25 de Abril e Liberdade, mas que agora assiste calada a este autoritarismo pintado?
  • E onde anda a comunicação social do continente, da Europa, do mundo, para denunciar esta vergonha descarada no solo vicentino?

Este pavimento laranja é um atentado político.

Não é preciso ser urbanista, arquiteto ou engenheiro para perceber o escândalo. Qualquer cidadão com olhos na cara, ou uma pesquisa simples na internet, sabe que existem cores neutras e técnicas adequadas para o desenho urbano. Mas aqui não houve escolha técnica: houve uma ordem simbólica. Um sinal autoritário, uma assinatura do partido dominante. Uma marca ideológica em espaço público, como nas ditaduras.

Isto não é só tinta. É um código de poder. É uma ameaça silenciosa.

Este pavimento é o símbolo de uma classe política que já não sente vergonha, porque sabe que pode tudo. É a homenagem silenciosa a José António Garcês, a Humberto Vasconcelos e a todos os que se alimentam do poder pela submissão. É o resultado de anos de votos entregues a um regime viciado em clientelismo, silêncios cúmplices e corrupção institucionalizada.

E por isso, a verdade deve ser dita:

  • Este pavimento laranja é a recompensa de todos os que votaram no PSD Madeira.
  • Esta estrada é vossa. Este solo é vosso. Esta é a homenagem ao vosso voto.
  • Um voto que alimenta corruptos, que legitima abusos, que aceita migalhas.
  • Agora, caminhem sobre ele. Todos os dias. Pise-se esta marca, porque ela foi colocada por vós.

Mas a gravidade é ainda maior. Este modelo será replicado noutras obras pela Madeira.

Câmara de Lobos, Calheta, Machico, Santa Cruz. Já se ouve a tinta a ser encomendada. A cor da submissão será expandida em “melhoramentos urbanos”, todos pagos com dinheiro público, para pintar um território inteiro com a marca de um só partido.

Isto não é democracia. É urbanismo de obediência. É propaganda disfarçada de obra pública.

Não é exagero. É preciso dizê-lo com todas as letras:

Isto é criminoso. Isto é uma afronta à Constituição. Isto é uma provocação à liberdade.

Este é o tipo de gesto que mancha a História de Portugal. Que faz Sá Carneiro dar voltas na campa. Que mostra o quão longe o PSD Madeira está da social-democracia, da ética, da república. Aqui já não se governa — marca-se território com tinta e desprezo.

Se deixarmos isto passar em silêncio, perdemos todos.

E deixamos uma pergunta para todos os partidos, todas as instituições, todos os jornalistas, todos os cidadãos com espinha:

Quantos metros de pavimento pintado serão precisos para perceberem que a democracia está a ser pisada?

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