Curtas e Desventuras

08/10/2025, 07:26:05 O relógio da justiça e o cronómetro das inaugurações
Na Madeira, há dois calendários oficiais: o das inaugurações e o da justiça. O primeiro é pontual, preciso, cheio de cor e fitas novas. O segundo… parece funcionar a pilhas gastas. Há processos que dormem em gavetas há mais de um ano, enquanto o protagonista principal — Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional e figura veterana do PSD-M — continua a somar inaugurações e sorrisos públicos como quem soma milhas aéreas. Esta semana, em vésperas de eleições autárquicas, o roteiro é intenso: novas estradas, placas descerradas e selfies com simpatizantes. Tudo a tempo e horas. Já o Ministério Público, esse, parece viver num fuso horário diferente — talvez um onde quinze meses passam depressa, mas um interrogatório leva uma eternidade. Se fosse um cidadão que paga justamente o se IMI, já tinha sido ouvido, julgado e multado. Mas aqui, a pressa é só para cortar fitas — nunca para cortar privilégios.
A justiça, tão lenta, se torna involuntariamente cúmplice do espetáculo político. Cada semana de silêncio é mais uma semana de propaganda ativa. Cada dia sem resposta é mais um dia de inauguração, mais uma manchete, mais um sorriso preparado para a câmara. Um dia, o relógio da justiça vai acertar pelo relógio do povo. Esperemos que Albuquerque não tenha fugido para o Dubai nessa altura.

08/10/2025, 07:28:13 Como era bom viver numa ilha livre
Como era bom poder escrever no Madeira Opina e assinar o nosso nome, de forma simples, verdadeira e sem medo. Dizer o que pensávamos, partilhar ideias, criticar quando fosse preciso, elogiar quando fosse justo. Era um tempo em que a palavra era um ato de cidadania, não um risco. Como era bom viver numa ilha livre, onde o respeito pela opinião dos outros era sinal de maturidade e não de ameaça. Onde a liberdade não se media em silêncios, mas em vozes. Onde o medo não calava o que a consciência queria dizer. Hoje, mais do que nunca, é importante lembrar que uma sociedade só é verdadeiramente livre quando o pensamento pode ser expresso sem receio. Que o progresso nasce do diálogo, não da censura. E que o amor pela nossa terra inclui o direito, e o dever, de a querer melhor. Porque viver numa ilha livre é isso: poder dizer o que se sente, sem medo do que vem depois

08/10/2025, 09:16:39 Inversão
Os bancos fazem dinheiro com o nosso dinheiro e cobram ao nosso dinheiro por estar com eles com todas as taxinhas de serviços daquilo que nós fazemos online. Os serviços públicos são mais ou menos a mesma coisa, são públicos, para servir a população, mas ficamos a dever favores para que funcionem. Pagar é que não pagam a ninguém, as APP bloqueiam os contactos. O madeirense gosta disto.