N os últimos tempos, tem-se dito que a Madeira foi “nomeada” para vários prémios internacionais. Soa bem, não é? Dá orgulho, parece reconhecimento, parece mérito. Mas há um detalhe que ninguém explica: esses prémios são pagos. E quando um prémio é pago, deixa de ser um prémio — passa a ser publicidade disfarçada de medalha.
Funciona assim:
Existem empresas que criam “concursos” e “cerimónias de prémios” para regiões, empresas, políticos ou instituições.
Depois, enviam convites dizendo que a Madeira (ou outra entidade) foi “selecionada” ou “indicada”.
Mas para receber o tal “prémio”, é preciso pagar — e pagar caro: taxas de inscrição, deslocações, pacotes de marketing, vídeos promocionais, fotografias oficiais, eventos de gala, etc.
Ou seja: não é o mérito que é avaliado, é a capacidade de pagar.
E o dinheiro que sai dos cofres públicos — que devia ir para saúde, educação ou habitação — vai parar a empresas privadas que vendem “reconhecimento” como quem vende publicidade.
Esses prémios são feitos para parecer credíveis, com nomes pomposos: “Best Destination Awards”, “European Excellence”, “International Recognition”...
Mas por trás há sempre o mesmo truque: quanto mais se paga, maior é a visibilidade, melhor é o destaque, mais dourada é a placa.
Portanto, quando te disserem que “a Madeira ganhou cinco prémios”, lembra-te disto:
não foram ganhos — foram comprados.
E cada troféu reluzente que aparece na televisão representa mais um cheque passado com o dinheiro de todos nós.
Um verdadeiro prémio é dado sem contrapartida financeira, com base em critérios objetivos, análise independente e mérito comprovado.
Quando há pagamento envolvido, não é distinção — é marketing.
O povo madeirense tem direito a saber a verdade:
a Madeira não precisa de comprar elogios.
Precisa de investir onde há problemas reais, e de deixar de gastar dinheiro público em vaidades políticas que só servem para brilhar uns poucos.
