E sta é daquelas notícias que definem os pensamentos dos políticos e suas intenções. Numa notícia escrita pelo "Beto do Naval", que passa os domingos a desinformar no Planeta do DN de que a plataforma do Madeira Opina é dos verdinhos, ahhh que é brincadeira, percebemos quem quer substituir Paulo Cafôfo. A comunicação social agradece, o Sousa também. Nada melhor do que arrastar a asa à comunicação social para lhe fazer esse favorzinho, até porque não lhes custa nada e facilita o trabalho.
Quando um político promove um debate sobre desinformação e leva consigo representantes da comunicação social, o gesto é sempre simbólico. Mostra, ao mesmo tempo, preocupação com a verdade e a consciência de que controlar a narrativa é meio caminho andado para moldar a perceção pública. Por isso arrasta a asa? Imagine-se que era um elemento do PSD a fazer isto, qual seria a interpretação?... chegaram lá?! Então porque é diferente com partidos diferentes?
É curioso observar como a política regional continua presa a um jogo de espelhos entre quem governa e quem critica. Uns evitam as redes sociais e preferem os canais tradicionais; outros tentam furar o bloqueio mediático, mas acabam enredados nas mesmas lógicas de visibilidade. O resultado é um discurso público cada vez mais condicionado — um ciclo onde todos falam de desinformação, mas poucos se interrogam sobre os mecanismos subtis da censura, do alinhamento e da dependência financeira dos meios de comunicação.
O interessante disto é que o PSD Madeira não se atira às redes sociais, por isso os dois perdedores da contenda juntam-se para lamber as feridas. Um dos erros da oposição é não sair do condicionamento informativo que todo jornalismo regional, passa diluído em páginas que ninguém lê, depois de maçar com o PSD, com pequenos excertos de um todo que destrói a mensagem, nos alinhamentos que sabem ter menos audiência, nas páginas pares da esquerda, etc.
Num contexto regional onde o espaço mediático é reduzido e as vozes independentes são raras, estas aproximações entre política e imprensa levantam questões inevitáveis: até que ponto a informação circula livremente? A comunicação social é uma disputa de proximidade dos partidos? Quantas opiniões ficam por publicar, quantas perguntas ficam por fazer, e quantas histórias se perdem nas entrelinhas das prioridades editoriais? Este esquema mata a independência da opinião... e depois não sabem como é que as redes sociais com defeitos e virtudes vencem?
O Sérgio Gonçalves, tão preocupado com a desinformação porque não pergunta se não há censura ou autocensura nos órgãos de comunicação social da Madeira, como garantem a pluralidade com dois únicos jornais do mesmo dono, como é que ele "agora é que sim" se quer tornar idóneo, como é que os jornais são independentes subsidiados pelo Governo Regional, porque razão há agendas intensas de 2, 3, 4 e 5 notícias dos mesmos governantes? E a oposição o que tem.
A verdadeira discussão sobre “fake news” deve começar dentro das próprias redações: como garantir pluralidade quando o mercado é pequeno e a pressão política é grande? Como assegurar independência quando a sobrevivência de muitos meios depende do apoio institucional ou da publicidade oficial? Como evitar o vergar de jornalistas que precisam de um vencimento? Há todos os instrumentos, proteção ao jornalista, às fontes, os conselhos de redação e o editorial a ERC... mas o que vale isso na prática se não funciona?
No fim, o problema não está apenas na desinformação que circula online, mas também na desatenção com que se aceita a uniformização do discurso. A democracia precisa de contraditório e, na Madeira, talvez o primeiro passo para o recuperar seja reconhecer que a verdade não se constrói apenas nas manchetes, mas também nas omissões.
Termino dizendo que estas vaidades de elementos do Partido Socialista na comunicação social é a verdadeira derrota do PS Madeira, aliás vejam como os abutres necrófagos do PS já surgiram a comentar uma sondagem que muitos acreditam serem instrumento de propaganda do PSD, apoiados como resultados (e não sondagem). Tudo tão metódico e os socialistas não querem entender, são sistema?
ACORDEM!