O voto e a justiça: a escolha entre a proteção e o abismo


N a Madeira, ainda há quem vote contra si próprio. Muitos não se apercebem que votar à direita é, para os mais pobres e para a classe média, um acto de auto-sabotagem política. A direita promete liberdade, mas entrega fragilidade; fala em eficiência, mas aplica cortes que deixam escolas vazias, hospitais exaustos e famílias à deriva.

A direita acredita que o Estado deve encolher para que o mercado cresça. Mas quando o Estado encolhe, é o cidadão comum que fica pequeno. As privatizações transformam os direitos em negócios: a saúde passa a ser um produto, a educação um privilégio, a habitação uma lotaria. E no final, quem ganha é sempre o mesmo, o que já tinha vantagem à partida.

Quando a direita governa, o discurso é de responsabilidade; na prática, é de desigualdade. Reduz impostos a quem mais tem, corta apoios a quem mais precisa e chama “liberdade económica” ao que é, na verdade, o regresso ao velho feudalismo, um país dividido entre quem pode escolher e quem apenas sobrevive.

A esquerda parte de outro princípio: o de que ninguém deve viver refém da sorte. Votar à esquerda é votar por salários justos, serviços públicos fortes, habitação acessível e impostos que devolvem à sociedade o que dela advém. É afirmar que o Estado não é um peso, mas um pilar, o que garante saúde quando se adoece, escola quando se nasce pobre e dignidade quando se envelhece.

Os ricos não precisam do Estado; os pobres precisam dele para não desaparecer. Por isso, quando os mais frágeis votam em partidos que defendem cortes, privatizações e “menos Estado”, estão a votar no desaparecimento das próprias proteções que os sustentam.

Um voto à direita é uma promessa ao mercado; um voto à esquerda é uma promessa à comunidade. O primeiro cria competição entre desiguais; o segundo cria equilíbrio entre os humanos.

A justiça social não é caridade, é inteligência. Um país justo é aquele que entende que investir no povo é investir em si próprio. O Estado Social é o maior acto de racionalidade colectiva que Portugal já produziu.

No final, a escolha é simples: queremos viver num país onde cada um se salva sozinho, ou num país onde ninguém é deixado para trás?

A resposta define não só o nosso voto, mas a nossa humanidade.