Ninguém quer ouvir!
Empresários denunciam atos de vandalismo contra viaturas de rent-a-car. A denúncia é dos empresários do setor que falam em danos avultados que resultam das críticas feitas nas redes sociais aos veículos alugados a turistas. (link)
A s redes sociais continuam a ser o bode expiatório do pulsar da sociedade que alguns, enquanto estão bem, não ligam. Portanto, enquanto estiverem na ganância a incomodar com a sua atividade económica os madeirenses, estão bem e até ensinam aos turistas como defender os interesses das rent-a-car com truques na condução que imputam aos que cumprem o ónus dos acidentes. Agora também as rent-a-cars usam a mesma narrativa dos jornalistas vendidos.
A Madeira pode dizer-se ter turismo de forma consistente e estruturada há cerca de 200 anos, durante gerações esta adenda à economia, que permite estrangeiros ususfruir do nosso espaço foi pacífico. Foi na era pós Covid, com as Low Cost e a insustentabilidade promovida pelo Governo Regional, especialmente por Eduardo Jesus e Miguel Albuquerque para alimentar a construção que se dá o clique. O madeirense começa a perceber o abalroamento total na sua qualidade de vida, na estrada, nos preços, na habitação, na Saúde, nos lugares de referência, em tudo. O madeirense em poucos anos encheu-se desta qualidade do turismo que foram buscar e tem se manifestado com vigor. O Governo não liga e ainda diz que isto é elástico, já está mal e ainda querem o dobro, não ligam nenhuma. Portanto as pessoas queixam-se nas redes sociais, ninguém liga e quando de uma forma geral o madeirense começa a manifestar a sua saturação, ai "Jesus" que já lhes lesa. E enquanto lesaram o madeirense preocuparam-se?
O turismo na Madeira não começou num único ano, mas sim através de um processo histórico que se consolida no século XIX. Alguns autores referem que o fenómeno turístico, em sentido lato (visitantes, viajantes), remonta ao século XV ou século XVII, ligado a escalas de navios, comerciantes e curiosos. No entanto, não era uma atividade estruturada como a conhecemos hoje.
O século XIX é o período crucial em que o turismo se torna uma atividade económica mais consistente. A Madeira ganhou fama internacional como destino de saúde e cura, devido ao seu clima ameno. Muitos membros da aristocracia europeia e indivíduos doentes (principalmente com tuberculose) vinham para a ilha para longas estadias de "residência temporária".
É neste século que surgem os primeiros guias turísticos (o primeiro em 1850) e o alojamento começa a ser adaptado para servir estes visitantes de longa duração. Se considerarmos o início do século XIX (por volta de 1820), a Madeira teria turismo de forma consistente há aproximadamente 205 anos (contando até 2025). A ilha manteve-se como um destino de elite. É desse que convivemos duzentos anos, que nos respeitou e nós respeitávamos (falo por gerações).
A atividade turística começou a transitar de um "Turismo de Saúde" para um modelo moderno de "Turismo de Massas ou Industrial" a partir de meados do século XX, especialmente após a criação de organismos oficiais como a Delegação de Turismo da Madeira (criada em 1936).
O grande salto seguinte é este da Covid, em que o turismo deixou de respeitar o madeirense, alterou a sua vida para pior continuando a usufruir ordenados miseráveis para aturar um turismo rasca. Ninguém se preocupou em sequer distribuir a riqueza gerada. Passamos a escravos desta indústria a todos os níveis.
Ninguém se retrata pelos erros cometidos, ninguém liga ao que a sociedade diz, e agora ela, apontada como "redes sociais" são os "bandidos da questão. Quando bloqueiam entradas, ocupam dois espaços de estacionamento, enquanto andam a "inventar na estrada" para conseguir chegar onde querem, até em sentido contrário, atravessando-se porque o GPS informou tarde ou raciocinaram lento, quando mudamos os nossos hábitos de turismo cá dentro ou de afazeres familiares e apanhamos com estes turistas rascas a toda a hora através do Alojamento Local.
Pela notícia da RTP-M vemos que ninguém quer entender que o processo de saturação não é elástico e que a ganância desmedida é insustentabilidade, agora até as oficinais deixam os madeirenses para segundo plano (link). Não se ouve dos empresários o impacto na qualidade de vida do madeirense, nem que um carro para cada turista nada tem de sustentável se comparado com o antigamente de tours em Autocarros. Não falam da terraplanagem de lugares idílicos para albergar carros.
Parece que vai ser preciso dizer descaradamente o que está errado com esta gente armada em santinhos em toda esta problemática. E o senhor tem parque para todos os carros?
Termino dizendo que a insustentabilidade vai ser o inimigo da gula e da ganância, achavam que era só multiplicar rent-a-cars e carros e não haveria dumping dos mais fortes ou a lei da oferta e da procura? Mais um assunto não estudado por Eduardo Jesus? Se fossem sérios diziam a verdade. Achavam que tinham todos os partidos no bolso com medo de perder votos e que os desprendidos da sociedade não iriam falar? Com o relevo da Madeira vai ser impossível alargar mais as vias, qualquer dia mandam os madeirenses deixarem o carro em casa para caber mais carros de rent-a-cars, vai ser assim o elástico?
Mais uma vez, neste caso a RTP-M, participam na implementação de uma narrativa, não houve contraditório no programa, esses são "bandidos"?
