Um mês de mentiras


S ão Vicente está cansado. Passou um mês desde que o novo presidente entrou na Câmara, e nada mudou. Só mudou para pior. Hoje, muitos dizem que a democracia aqui levou um golpe. Não foi um golpe com armas, mas sim com promessas vãs, palavras bonitas e truques de campanha. O resultado é simples: São Vicente sente-se enganado.

Vamos falar claro. Dizer “auditoria já” e depois não fazer nada é enganar. Prometer “grutas abertas no primeiro dia” e deixá-las fechadas um mês inteiro é gozar com o povo. Jurar “acabar com a corrupção” e depois andar de braço dado com os mesmos empresários a que antes chamava corruptos é fingimento. É teatro barato. É truque de feira. É mentira com laço no topo.

No papel, era tudo fácil: mudar o concelho, limpar a casa, criar transparência. Na prática, o concelho está mais parado, as portas mais fechadas e a confiança mais partida. As promessas desapareceram como fumo. O discurso forte transformou-se em silêncio. O “choque de mudança” passou a ser nada. Zero. Nulo.

E não é só incompetência. É falta de verdade. A palavra dada perdeu valor. O eleitor acreditou, confiou, votou. E agora sente-se traído. Porque São Vicente não viu auditoria, não viu grutas abertas, não viu limpeza na política. Viu o contrário. Viu alianças dúbias. Viu a pressa em encostar-se a quem antes era acusado de tudo e mais alguma coisa. Viu o poder a falar mais alto do que a ética.

A ironia? Passaram a campanha toda a atacar os outros por causa de mentiras. E agora são eles que mentem. São eles que fazem o jogo que diziam combater. São eles que mostram que afinal sempre souberam jogar a velha política: muito barulho antes das eleições, muito silêncio depois.

O povo merece respeito. Merece verdade. Merece alguém que faça o que promete. O que São Vicente recebeu foi o contrário disto: promessas no ar, desculpas no chão e um concelho parado, fechado e enganado.

Um mês de governo, um mês de mentiras. E o que São Vicente quer agora é simples: trabalho. Verdade. Ação. Não quer discursos, não quer histórias, não quer mais promessas que não passam do papel. Quer ver resultados. Quer ver mudança. E quer ver respeito.

Porque um concelho não se governa com slogans. Governa-se com carácter. E até agora, disso temos visto muito pouco. Aqui fica o aviso: São Vicente está atento. E já não engole este teatro.