A tão celebrada “chapada de luva branca” do Presidente Gonçalves não passa de um empurrão para debaixo do tapete — oito meses de prazo para uma auditoria que, se fosse séria, começava ontem e acabava amanhã. Ninguém precisa de mais de duzentos dias para confirmar o óbvio: contas estranhas, decisões opacas e uma Câmara a funcionar à base de boatos, joguinhos e cortinas de fumo.
Dizem que há “clima de medo”. Ótimo. Mostrem as provas. Quem tem evidências não espera quase um ano para as revelar — a menos que a prioridade seja ganhar tempo, enterrar poeira e montar um teatro político para enganar totós. E não, a população de São Vicente não é totó. Já vimos este truque: dramatiza-se, grita-se “ilícitos”, fala-se em “surpresas”, mas provas? Nada. É sempre a mesma novela de corredor.
A duplicação das bolsas? Uma esmola dourada para distrair o povo enquanto se governa à porta fechada e com a sombra constante do Chega — negada, claro, mas tão óbvia como a humidade no Vale. Quem precisa de negar dependências todos os dias… costuma tê-las. O discurso é novo, o cheiro é o mesmo.
Falam, falam, falam — e em apenas um mês já colecionam azias, queixas e teorias conspirativas suficientes para encher um armazém. Mas obra concreta? Zero. E agora querem construir outro armazém? Antes de levantar paredes, talvez fosse boa ideia limpar a poeira, acertar contas e devolver dignidade aos serviços. Primeiro ordem, depois cimento.
A população não pede milagres. Pede transparência real. Pede respeito. Pede política séria, sem dramatizações infantis, sem fantasmas estratégicos, sem o velho truque de acusar para justificar a própria paralisia. Chamam “herança pesada” ao caos que continuam a manter intacto. Chamam “normalidade” ao imobilismo. Chamam “auditoria” a um cronómetro de oito meses para fabricar uma narrativa conveniente.
Chega de histórias mal contadas. Queremos factos. Queremos luz. Queremos responsabilidade. E, acima de tudo, queremos uma Câmara que sirva o povo — não as vaidades, os medos ou as dependências escondidas nos bastidores. A auditoria vem aí. E nós também.
