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| 5 anos sem impostos... renovável. As lojas madeirenses fecham com impostos e rendas a aumentar. |
Orgulho e… ingenuidade económica
Miguel,
H oje vi a tua publicação nas redes e senti algo que tu claramente não sentiste, vergonha alheia. Enquanto tu te emocionas com a abertura da loja Pulse, eu só vejo mais um episódio da tua série favorita: “Confundir inaugurações com estratégia económica.”
Dizes que ficas “muito satisfeito” porque a loja traz dinamismo, empregos e confiança na Madeira.
Miguel… dinamismo? Empregos? Confiança?
Estamos a falar de uma loja de luxo (link), não de um centro de investigação tecnológica, nem de uma fábrica, nem de um cluster de inovação.
É mais um espaço para turistas dos cruzeiros gastarem dinheiro, e para tu poderes cortar uma fitinha com ar de estadista satisfeito consigo próprio. Ainda por cima ao lado da Paula Margarida, que acha que não há pobres na Madeira.
E depois vem a parte mais deliciosa da tua mensagem, ficas “sensibilizado” porque o empresário Ricardo Wang investe na Madeira.
Sensibilizado?
Miguel, tu ficas sensibilizado com tudo o que tenha uma montra e um flash fotográfico. Ainda por cima, ao lado do Sá e do fisioterapeuta de S. Martinho, ambos com inteligência 0.
Basta alguém abrir uma porta de vidro no Funchal e lá estás tu, emocionado como se estivesses a inaugurar a NASA do Atlântico.
Mas vamos ao que interessa, o Bazar do Povo, o Buga Ramen, a Pulse…
O problema não é o empresário.
O problema és tu e a tua incapacidade crónica de perceber geoestratégia, soberania económica e dependência externa.
Porque enquanto tu suspiras pelas “investidas de confiança”, há uma realidade que qualquer estudante de relações internacionais conhece, potências económicas expandem influência através de compras estratégicas, activos comerciais e presença em zonas-chave.
É assim que funciona o mundo moderno, investimentos, cadeias de retalho, imobiliário, infraestruturas, tecnologia. É política externa com luvas de veludo.
Mas tu, Miguel, olhas para isto como se a Madeira estivesse a ganhar uma medalha. E não está!
Enquanto países europeus reforçam regras, estudam riscos, acompanham fluxos de investimento e tentam equilibrar soberania económica, tu… tu tiras selfies numa inauguração e escreves um texto emocionado sobre como estamos “no caminho certo”.
No caminho certo para quê?
Para sermos uma ilha cada vez mais dependente do capital externo, enquanto os madeirenses continuam com salários de miséria? Para termos ruas cheias de lojas de luxo e casas vazias porque ninguém consegue pagar renda? Para substituir estratégia por propaganda fotogénica?
Miguel, a ingenuidade económica é perigosa.
E tu comportas-te como um presidente de câmara dos anos 80 que acha que cada porta aberta é automaticamente desenvolvimento. Tu não és “chefe de governo”, és maestro de inaugurações, regente de fitas, evangelista da montra nova.
És tu que devias estar a trabalhar para que não precisemos depender de terceiros que “escolhem a Madeira” para expandir negócios.
Mas claro, isso é para pessoas inteligentes…
