Abuso de Poder


A ntes de tudo declaro que conheço pessoalmente o jovem Nuno Maltez. É um jovem pacífico que trabalha mais de 12 horas por dia na empresa do Pai. Gosta de arte e nos tempos livres dedica-se aos seus gatafunhos no papel, a que ele orgulhosamente chama de Arte. Até à data, não lhe conheço nenhum histórico de violência, droga ou crime. Não tem cadastro criminal e é apenas um jovem igual a tantos outros que nasceram e querem apenas ser felizes neste paraíso a que chamam de  Madeira.

A ser verdade, o caso relatado, é um caso grave de abuso de poder por parte de uns energúmenos que, por vestir uma farda, se julgam superiores aos cidadãos anónimos e honestos que lhe pagam os ordenados para viverem em segurança.

O curioso nesta história é que são os mesmos polícias, que não hesitam em abordar um cidadão honesto, que não têm tomates para entrar em certas zonas escuras do Funchal. É muito mais fácil e seguro molestar um cidadão honesto - que passeia o seu cão a horas decentes e perto da sua habitação - do que os perigosos traficantes e os criminosos continuam à solta pelo Funchal.

Sou um defensor da segurança, do Estado de Direito e consequentemente das forças de segurança mas isso não me impede de discordar que qualquer idiota seja digno de vestir uma farda!

Um caso para o IGAI averiguar, doa a quem doer!

Deixo abaixo o texto que o Nuno escreveu no Facebook: 

“Deixo aqui o meu testemunho de uma abordagem policial que nunca pensei ver num país civilizado, onde a polícia teme os telemóveis e as câmaras, ao ponto de agredirem, roubarem -me o telemóvel, jogaram-me ao chão, algemado e com um joelho nas costas a suplicar que parassem porque não conseguia respirar, em total estado de agonia, ao pensar no que aconteceu ao George Floyd, nos EUA. Temos que ser um povo unido e restaurar a confiança nas forças policiais, e as body-cams são um bom começo para que haja alguma transparência. Tudo o que aqui descrevo são factos sobre o que aconteceu, sem espaço para interpretações e descrevo tal e qual o sucedido sem exageros ou manipulações.

Estava eu a passear o meu cão (porte pequeno, com trela, não agressivo) nas imediações do Estádio dos Barreiros, quando começa a chover ligeiramente, tomei abrigo no estacionamento do próprio estádio (público, sem qualquer placa de acesso interdito ou fechado), e fiquei por volta de 10 minutos abrigado da chuva e até fui ver o preçário.

Quando parou de chover saímos e continuei nas imediações, quando eis que aparecem 4 homens no escuro e com lanternas e num tom agressivo grita: "se o cão investir em mim, vai levar um tiro! E olha que dou.". Nesse momento segurei bem na trela junto ao pescoço e disse que ele não ataca ninguém, e ao mesmo tempo tiro o telemóvel do bolso e começo uma gravação vídeo. 

Eis que eram policias, e quando viram que eu estava a gravar, o tom mudou drasticamente, ficaram mais mansos e pediram identificação e para segurar no cão. Eu segui as ordens e segurei nele próximo de mim e com o telemóvel na outra mão. Perguntei se tinham suspeita articulada e razoável de que eu tinha cometido algum crime.. disseram que o estacionamento era lugar vedado ao público, ou seja mentiram-me. 

Eis que eu prendo o meu cão perto, para tirar a carteira da bolsa... e parei de gravar por momentos e quando me dou conta, agarraram-me e jogaram contra o chão, joelhos em cima de mim, sem eu conseguir respirar.. nesse momento senti-me impotente perante a situação e cheguei a pensar que me podiam matar, pois era muita gente a volta, no escuro, sem testemunhas oculares e sem câmaras de segurança. Eu pedi socorro, e que não conseguia respirar.. não serviu de nada, algemaram com tanta força que os pulsos incharam durante dois dias... eu não resisti de maneira alguma... no entanto o telemóvel acabou por cair no chão e rachar o ecrã, e depois levaram-no e tentaram apagar os vídeos.

Levaram-me para o carro patrulha e queriam-me forçar a que desbloqueasse o telemóvel, ao qual eu neguei firmemente e com clara consciência dos meus direitos. 

Dei varias oportunidades aos agentes, dizendo que apagava o vídeo se me deixassem sair ali mesmo, mas de nada serviu. Não deixaram o meu cão vir comigo, ou sequer deixá-lo em casa, que era já ao virar da esquina. Pelo caminho pedi para os agentes se identificarem, de nada serviu. Perguntei que crime cometi, nada responderam, apenas que me recusei a identificar (mais uma mentira). Nem me leram os direitos. De maneira alguma seguiram protocolo. Disseram que iria ter acesso a tudo isso, incluindo o nome dos agentes tiranos envolvidos e no número do incidente, pois gostaria de ver o relatório posteriormente. Mas depois nada disso me foi facultado.

Cheguei ao comando, tiraram as algemas, e pouco depois uma polícia pontapeia-me na perna e pergunta "porque que filmaste eles!?". Eu em choque nem sabia o que responder, pois o motivo que se grava a polícia era EXATAMENTE o que ela tinha acabado de fazer. Sentia-me uma ovelha a meio dos lobos, sem qualquer poder, pois sem o meu telemóvel era a palavra deles contra a minha. Só me questiono qual é o café que andam a tomar naquela esquadra, é do bom...

Eu perguntei se era livre de sair, e o agente responde que eu tinha de assinar uma folha e depois apagar o vídeo. Eu queria ler o que tava a assinar e num tom ameaçador diz: "tas a desconfiar de mim?", - fiquei receoso no momento e assinei. Sem eu consentir a revista, fui revistado de cima a abaixo, incluindo a minha bolsa. Nada encontraram. 

Ao sair da esquadra, disse que o meu pulso estava a doer e que devia de ir ao hospital, e o polícia I. respondeu "isso é lá contigo", indicando que estava por minha conta para voltar a casa.

Agora pergunto a todos os que leram este testemunho, qual o dever das autoridades polícias? Servir e proteger o povo? 

Como é óbvio, tenho provas de tudo o que afirmei, incluindo o vídeo da forma anómala e violenta que a policia agiu, com uma gigantesca falta de profissionalismo, as ameaças a um membro do público inocente e trabalhador, que simplesmente saiu de casa para passear o seu cão.

O peso do uniforme acarta certos deveres, o principal sendo o de enforçar as leis e responder à Constituição de acordo com o juramento. 

Para isto tenho que ter apoio de todos os que se importam com os direitos básicos humanos. Qualquer ajuda é bem-vinda, se puderem partilhar a minha história para que situações destas não voltem a acontecer. Todos os conselhos são bem-vindos.

PARTILHEM sff”

Link original da publicação: Ocorrências na Madeira | Facebook

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 11 de Dezembro de 2022
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