N ada como o futebol para os portugueses se esquecerem da realidade, da inflação, do crime e da droga. Hoje nada é mais importante do que ganhar aos marroquinos e mandá-los de volta para a areia do deserto do Saara.
É hilariante como todos os nossos problemas se esfumam com a religião do futebol. Nenhum político ousará criticar, o que quer que seja, sem saber o resultado final. Se Portugal perder, a culpa será do selecionador e nem o egocentrismo de Ronaldo escapará às duras críticas. Não tenhamos dúvidas que, do melhor português, Ronaldo passará a um reles Ilhéu de Santo António.
No mundo de hoje, passar de bestial a Besta é instantâneo. Se Rafael Leão tivesse falhado aquele sexto golo de Portugal, hoje todos estariam a chamá-lo de “preto de m****” e a questionar porque é que ele não passou a bola ao Ronaldo, que estava melhor colocado para marcar o golo.
Quer jogue Ronaldo, Gonçalo Ramos ou mesmo Miguel Albuquerque, o que interessa é que Portugal ganhe para que, por mais umas semanas, fiquemos iludidos que somos os melhores do mundo.
Se Portugal perder, vamos voltar à realidade, aos políticos corruptos, ao problema dos sem-abrigo, ao custo da gasolina, à união do PSD, ao problema do Bloom e à violência crescente na porcaria de Ilha em que vivemos.
Que Portugal ganhe para continuarmos a sonhar!
Post Scriptum: Uma nota final de regozijo para o artigo contundente de hoje do Miguel Silva no JM “o mau hábito de acoitar pessoas” (link) e para o excelente artigo de ontem de Marta Freitas no Diário "São os salários, estúpido!" (link) – que só li hoje - que apenas pecou por um alegado erro no último parágrafo em que escreveu “somos uma região de pobres com muitos ricos”. Muitos ricos? Dez ou onze ricos são muitos?
Nota do CM: subscrevemos o elogio aos dois textos em referência. O espírito CM está a ganhar no "oficial"?
Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 10 de Dezembro de 2022
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