Dossier das Pérolas


D ecidi dar uma oportunidade ao dossier de imprensa da RTP-M nesta sexta-feira e quase nunca falha, é sempre uma garantia de pérolas e é sintomático a coordenação de olhares para que o guião se cumpra. Um indivíduo falou sobre o facto das pessoas não se adaptarem ou terem disponibilidade para a vida moderna que, ao estilo do Pedro Calado, significa trabalhar muito e sem horários para ganhar uma miséria. Por vezes provam que, se são viajados não absorvem conhecimento ou então, se viajam, é para terras bem tristes que não servem de exemplo. Se os exemplos forem os países da Europa e se o norte tem melhor qualidade de vida, vão reparar na calmaria, horas apertadas de comércio, não há excesso de grandes superfícies e acabam cedo os trabalhos. Para haver tempo de lazer e de família. Não esquecendo que são bem pagos, por isso o madeirense foge. Mantendo-se esta monocultura do betão e turismo nada feito.

Eu não entendo como é que o painel quer salvar a demografia da Madeira se ela está assim pelos erros cometidos, o não respeito pela família, tempos livres mas sobretudo pelo fraco rendimento e agora querem mais disponibilidade para turnos de 24 horas, para fazer face à vida moderna. Para poderem jantar às 23h no Funchal, para terem a quem deixar os filhos em férias desfasadas, etc. Desta vez já não justificam com um lugar pequeno e que é incomportável porque não há quantidade populacional para esse passo, não rende para os empresários poderem pagar. Não foi sempre essa a justificação, em tempos idos para o horário alargado de Natal? Nem no Natal! Hoje em dia já nem se fala. Então conseguiram mandar um ferry embora, o do Madeira - continente por não haver gente (ignorando a carga) e agora em terra vai haver para aguentar a economia que lhes dá jeito?

Claro que tudo traz água no bico, porque faltam 10.000 trabalhadores nas obras e sem elas feitas os magnatas não recebem, é por isso que dói e se traz a conversa neste molde. Agora dizem que talvez virão trabalhadores de Cabo Verde qual é a forma de rentabilizar isso? Cuidado com a resposta para não ofender os trabalhadores madeirenses ou estrangeiros, algum dos dois vai ser ofendido na resposta. Mas a pergunta é esta, estamos sempre a construir um Aeroporto Internacional da Madeira em obras, essa necessidade não significa obras a mais e insistir no modelo que nos mata e faz definhar a demografia? Não significa que estamos a aplicar o PRR de forma errada?

Mas ainda a propósito das pessoas não se adaptarem ou terem disponibilidade para a vida moderna, porque é que quando chegou ao "frete" de justificar o Lobo Marinho fora de serviço resolveram com um "as pessoas já estão acostumadas", "já não ligam", mas então o serviço do Lobo Marinho já não está na vida moderna? O Porto Santo não merece vida normal quanto mais vida moderna! No caso do Lobo Marinho já se pode matar a economia porque não implica obras, se mexesse na algibeira de um DDT a conversa era outra. Já agora o Governo Regional paga serviços e subsídios na paragem do navio? Por exemplo o transporte do lixo para a Madeira e outros? Tal como uns funcionários públicos não vão ao trabalho porque estão na vida moderna, não me admirava que o Lobo Marinho também estivesse.

A piada é que consultaram a ver se havia ferry para substituir e mais uma vez não havia.

Nota: será que a vida moderna é estar bem remunerado e na zona de conforto e querer ser servido pela escravidão dos outros?

Enviado por Denúncia Anónima.
Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2023
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