A imponente pala


A o longo da vida todos nós temos objetivos, que à medida que os alcançamos, lançamo-nos a outras ambições, projetos e novos objetivos. O sonho legítimo de construir a sua casa, para uma alminha sã que viva honestamente com pouco mais do ordenado mínimo é uma tarefe hercúlea, que muitas vezes se estende ao longo de uma vida. São inúmeros aqueles que partem para a eterna glória celestial e que não veem legalizadas as suas casas, porque a carne é fraca e caíram na tentação de construir uns metros a mais do licenciado, são os infratores, os que pisaram a linha vermelha e que por isso são crucificados, conotados como clandestinos e associados a um certo crime.

Por outro lado, há os que tudo podem e em que tudo é permitido, manipula-se regras, contorna-se a legalidade, altera-se o índice de construção, não são respeitadas áreas para edificação de piscinas e, quanto ao construir uns bons metros a mais do licenciado, tá quieto porque o fiscal é míope e por isso nem é preciso projeto de alteração. Assim se passa no Caminho do Monte **, abaixo do cruzamento do Livramento, na obra da notária ****** ***** ********, já batizada entre o pessoal da zona de Savoy Palace. Nestas jogatanas, tudo tranquilito, não se passa nada e é tudo boa rapaziada. Como se tudo isto fosse pouco e não bastasse, interiorizando o espírito de uma classe de cidadãos premium, ao jeito de faz o que digo, não faças o que faço, na obra da Sr.ª notária, curiosamente também não constava como requisito imperativo para o licenciamento da obra o recuo da frente de estrada, porque não há alinhamentos. Mas, repare-se no não menos curioso, condição obrigatória a todos os que construíram habitação naquele arruamento, do tipo se quiseres casa nova, recuas e ponto. Talvez um momentâneo e súbito episódio de amnésia esteja na origem do irrelevante facto, a par das tantas, apenas só mais um caso de psicose na nossa cidade. Será interessante aguardar pelas novas construções do Zé Povinho para perceber se o alargamento da estrada vai voltar ao modo de produção continuado.

Mas a Sr.ª notária também lê o CM, já que depois da publicação “O Savoy Palace do caminho do Monte” (link), em que referia que esta visitava a obra «…com muita lisura…» e como forma de escamotear a aberração que está visível aos olhos de todos,  passou a fazer questão de exibir-se num triste espetáculo de exuberância esforçada nas visitas por entre a classe operária e respingos de massa. Chega a ser marcante de tanto nível chunga, quando estas não são mesmo acrescidas e acompanhadas de trupe familiar, tudo para dar agora um ar natural, como se tudo aquilo perante os outros fosse natural e não uma afronta a qualquer munícipe de bem. Será curioso acompanhar a segunda temporada e uma vez que beneficiou do privilégio de não recuar, apreciar, se para meter as suas banheiras pelo portão dentro, irá escorraçar os vizinhos que sempre estacionaram do outro lado da estrada.

 Ainda na senda do saque, a ilustre pedante, ávida pela ganância, não satisfeita por multiplicar o betão e ainda somar uma piscina em cima de meros 400 m2, e de beneficiar do privilégio de não recuar, na sua metodologia de passar por cima de tudo e todos, jogou os postes de iluminação pública do muro da sua chacra para o outro lado da estrada. No seu registo cultural de ave de rapina, também quis eliminar o tornador de água de rega do seu vizinho da entrada da sua chacra. Afinal fica horroroso um tornador de rega no portão sob a imponente pala! Pelo andar da carruagem, não tarda nada, mais uma candidata para a classe dos DDT, até porque a área de negócio do terreiro da rua do Carmo é de valor e uma mão lava a outra e as duas registam, deixando uma fórmula de fragrância embriagante no ar para a terra de ninguém.

Mas dizem as más-línguas nos corredores da CMF, que o Figueira, idóneo e profissional, à custa desta encomenda foi substituído pelo Silva, que para além de ser cegueta é surdo e mudo, qualidade virtuosa de qualquer bajulador que quer brilhar. O importante é a satisfação dos ventos que sopram ao ouvido e não desiludir, muito menos cavar uma tormenta.

Sr. pregador mor do palácio dos Canaviais, que tenha em atenção as várias fações que se vão perfilhando dentro do seu templo porque, pela ordem das coisas, nem distribuindo subsídios de salubridade para todos. Tenha em atenção, particularmente aquilo que se passa no pelouro do Sr. Engomadinho e não negligencie o que por aqui se vai escrevendo, entre elefantes e elefantinhos, já que a soma de todas as faturas podem sair caras. O relatório e contas do templo, conta ainda com outras rubricas de peso, que vão sendo um peso para os munícipes, que vão desde o trânsito ao ruído, do lixo à insegurança e que fazem do balancete um verdadeiro desastre colossal. Quem não está a gostar desta matemática em ano de eleições é o tutor da Cici, já são muitas saídas de estrada e a mecânica pode não aguentar para subir a rampa do pódio. O desnível pode ser de tal forma acentuado, que nem o reboque dos contorcionistas taxistas com a cabeça do motor queimada, a padecer de impotência, é garantia de nada. Nos próximos tempos, o mais interessante será acompanhar a atribuição do n.º de porta e saber quem é que neste setup vai entregar a carta. No entanto face ao diagnóstico e à luz vermelha acesa no painel, em boa verdade isto só poderá ir lá com outros ofícios, paraquedistas e trapezistas.

Uma última nota ainda em relação à obra da marotinha da rua do Carmo, meus Senhores, para além de ser uma obscenidade perante os outros moradores, daquela rua que fizeram casa e que tiveram de recuar as suas frentes de estrada, é uma leviandade sem vergonha, a partir de agora, chumbar o projeto de qualquer munícipe humilde com parcas posses que, com os mesmos 400 m2, seja impedido de construir a sua habitação.

É um erro crasso hostilizar a inteligência das meras criaturas desprovidas de tentáculos, os tristes que sustentam os poleiros e que nas vésperas dos sufrágios recebem uma palmadinha nas costas, passando ao estatuto de importantes, porque a ignorância embora monumental, também tem prazo de validade. Não subestimem o fenómeno CM, porque há sempre mais um esclarecido injustiçado que se revê no conteúdo desta plataforma em detrimento dos textos pegajosos de jornais que não tarda nada, os seus jornaleiros, graxistas e comentadeiros são os próprios e únicos consumidores, mas radiantes.

Cuidado CM, que transpira por aí que atendendo ao exponencial aumento de leitores, há umas criaturas que também querem comprar a vossa plataforma, através de um fundo de investimentos dos Estados Unidos, que por sua vez está ligada a uma entidade sediada nas Ilhas Cayman e com escritórios num contentor do Dubai.

Por último, aí vai uma prova de conhecimentos gerais. Responda com V ou F:

  • É uma verdadeira calúnia que a ilustre notária beneficie de tratamento especial junto da CMF.
  • Todo o edificado da chacra da Sr.ª notária, respeita rigorosamente as disposições legais do urbanismo bem como o licenciado.
  • É inverdade que o estimado Silva faça vista grossa.
  • O Figueira foi afastado da zona por uma simples gestão equitativa do volume de trabalho, sendo a associação do licenciamento da obra da Sr.ª notária uma reles blasfémia e é mentira, mentira, mentira.

Passaram todos no teste e sem necessidade de soluções. 

Parabéns

Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2023
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